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Caça era prática disseminada até a década de 60
Até o final da década de 1960, quando foi proibida e passou a existir na clandestinidade, a caça de animais silvestres era um sistema estruturado nas propriedades rurais do Pantanal.
“Todos os fazendeiros caçavam e todos tinham seus caçadores. Era onça, jacaré, capivara, sempre respeitando a terra de cada um”, relata o pantaneiro “Fião” que, durante a juventude, chegou a ingressar na atividade. "Ajudei a matar bastante, outras eu mesmo matei. Foram umas 30 onças, mais ou menos".
O objetivo das caçadas eram as peles de onça e jaguatirica, e o couro dos jacarés, que tinham compradores certos no mercado internacional. Um estudo do biólogo Tadeu Gomes de Oliveira, da Universidade Estadual do Maranhão, revelou números estarrecedores sobre o período. Todos vindos de fontes oficiais.
"Somente os Estados Unidos importaram 13.516 peles de onça pintada em 1968. Em 1969, foram 9.831, e em 1970, 7.758. Desse total, 63% provenientes do Brasil", disse, em entrevista concedida à revista Globo Rural.
Quando chegou à região, em 1977, o biólogo Peter Crawshaw conta que ainda havia a pressão pela caça. “As espécies que mais sofreram foram a onça pintada e a jaguatirica. Tinha gente que vivia disso aqui no Pantanal. Eram chamados gateiros, utilizavam vários tipos de armadilha, e trabalhavam só para retirar o couro mesmo”, relata.
Outro importante fator de predação foi o controle executado pelos pecuaristas para impedir ataques aos seus rebanhos. “Para amenizar o prejuízo que elas causam, optou-se pela matança sistemática e indiscriminada de animais que, muitas vezes, nem estavam causando o problema”.
Para o biólogo, o fim das grandes fazendas de gado na região do parque é um dos fatores que podem ter contribuído para a recuperação das populações de onças. “O fato de não haver mais fazenda, não haver mais gado, então não existe mais a necessidade de fazendeiro matar onça”, aponta. Mas Crawshaw alerta: como o animal não se concentra apenas na região das áreas protegidas, sua multiplicação pode levar a uma retomada do antigo ímpeto.
“O problema é mais ou menos igual ao que enfrentamos com a onça parda no Rio Grande do Sul. Lá também verificamos uma recuperação. Mas onde aumenta a população, aumenta a predação do gado e os fazendeiros se julgam no direito de fazer o manejo”.
Embora não se diga arrependido, o ex-caçador Fião também defende o fim da matança. “Tem que ser proibido mesmo. Os bichos estão acabando. Nascido no Pantanal tem que ser criado no Pantanal. E o único lugar em que resta é aqui mesmo”, argumenta. “Agora, não é todo mundo que segura. Cada um tem um dom. Quem tem o destino de matar, mata nem que seja à toa. Só por malvadeza”.
“Todos os fazendeiros caçavam e todos tinham seus caçadores. Era onça, jacaré, capivara, sempre respeitando a terra de cada um”, relata o pantaneiro “Fião” que, durante a juventude, chegou a ingressar na atividade. "Ajudei a matar bastante, outras eu mesmo matei. Foram umas 30 onças, mais ou menos".
O objetivo das caçadas eram as peles de onça e jaguatirica, e o couro dos jacarés, que tinham compradores certos no mercado internacional. Um estudo do biólogo Tadeu Gomes de Oliveira, da Universidade Estadual do Maranhão, revelou números estarrecedores sobre o período. Todos vindos de fontes oficiais.
"Somente os Estados Unidos importaram 13.516 peles de onça pintada em 1968. Em 1969, foram 9.831, e em 1970, 7.758. Desse total, 63% provenientes do Brasil", disse, em entrevista concedida à revista Globo Rural.
Quando chegou à região, em 1977, o biólogo Peter Crawshaw conta que ainda havia a pressão pela caça. “As espécies que mais sofreram foram a onça pintada e a jaguatirica. Tinha gente que vivia disso aqui no Pantanal. Eram chamados gateiros, utilizavam vários tipos de armadilha, e trabalhavam só para retirar o couro mesmo”, relata.
Outro importante fator de predação foi o controle executado pelos pecuaristas para impedir ataques aos seus rebanhos. “Para amenizar o prejuízo que elas causam, optou-se pela matança sistemática e indiscriminada de animais que, muitas vezes, nem estavam causando o problema”.
Para o biólogo, o fim das grandes fazendas de gado na região do parque é um dos fatores que podem ter contribuído para a recuperação das populações de onças. “O fato de não haver mais fazenda, não haver mais gado, então não existe mais a necessidade de fazendeiro matar onça”, aponta. Mas Crawshaw alerta: como o animal não se concentra apenas na região das áreas protegidas, sua multiplicação pode levar a uma retomada do antigo ímpeto.
“O problema é mais ou menos igual ao que enfrentamos com a onça parda no Rio Grande do Sul. Lá também verificamos uma recuperação. Mas onde aumenta a população, aumenta a predação do gado e os fazendeiros se julgam no direito de fazer o manejo”.
Embora não se diga arrependido, o ex-caçador Fião também defende o fim da matança. “Tem que ser proibido mesmo. Os bichos estão acabando. Nascido no Pantanal tem que ser criado no Pantanal. E o único lugar em que resta é aqui mesmo”, argumenta. “Agora, não é todo mundo que segura. Cada um tem um dom. Quem tem o destino de matar, mata nem que seja à toa. Só por malvadeza”.
Fonte:
Diário de Cuiabá
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/308202/visualizar/
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