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Internacional
Segunda - 03 de Abril de 2006 às 11:55

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O chefe do Governo francês, Dominique de Villepin, convocou uma reunião ministerial hoje para traçar sua linha de ação para os próximos meses, numa tentativa de olhar para o futuro e virar a página do polêmico Contrato de Primeiro Emprego.

Segundo o porta-voz do governo, Jean-Francois Copé, se conseguiu na reunião estabelecer o "objetivo dos próximos meses", de acordo com o slogan "2006, um ano útil", adotado por Villepin.

A crise do CPE, que atingiu Villepin em cheio e cuja saída não se vislumbra a curto prazo, fez com que o Governo aprendesse que toda reforma necessita de "um trabalho de explicação", acrescentou Copé.

As opiniões sobre o futuro do CPE, dirigido a jovens de até 26 anos e que permite a empresários demitir sem justa causa durante os dois primeiros anos de experiência, estão muito divididas: uns dizem que o contrato trabalhista está "morto", outros falam que "não", já que entrou em vigor.

O ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, aparentemente saiu fortalecido da crise, segundo a opinão de 54% dos franceses.

Em contrapartida, 75% e 70% dos entrevistados acreditam, respectivamente, que Villepin e o presidente Jacques Chirac saíram enfraquecidos da crise.

Chirac promulgou a lei, mas pediu sua suspensão "na prática", como solicitou Sarkozy, para abrir o canal do diálogo com os sindicatos.

Assim, o "número dois" do Governo ganhou pontos contra seu rival em 2007 duas vezes, já que neste fim de semana Sarkozy também obteve uma vitória quando a solução do conflito passou para as mãos da UMP, partido presidido por ele.

O Ministro fez várias ligações a líderes sindicais e estudantis dizendo que a busca de uma solução para a crise do CPE está em suas mãos.

Oficialmente, serão os presidentes dos grupos parlamentares da UMP, Bernard Accoyer (Assembléia Nacional) e Josselin de Rohan, que conduzirão o debate e, a pedido de Chirac, escreverão a quatro mãos uma proposta de alteração dos dois pontos polêmicos da lei.

Na prática, essas negociações serão acompanhadas de perto por Sarkozy, que convocou para esta tarde um comitê executivo extraordinário da UMP para debater uma eventual solução para a crise social e política gerada pelo CPE.

Segundo o jornal "Libération", a cúpula da UMP está disposta a "organizar o funeral do CPE", e Accoyer e de Rohan enviarão uma carta nesta terça-feira aos líderes sindicais, a quem convidarão para iniciar um diálogo que poderia ultrapassar os limites estabelecidos por Chirac, segundo diversas fontes.

Na reunião de terça-feira, a UMP aproveitará para escolher a equipe de oito deputados e senadores que conduzirão as negociações.

Mas, levando em conta que o Parlamento entra de férias por duas semanas, o projeto de lei para modificar o CPE dificilmente poderá ser debatido antes do início de maio.

Até então, os empresários podem contratar legalmente jovens com menos de 26 anos através do CPE.

Para que não façam isso, o ministro de Coesão Social, Jean-Louis Borloo, escreveu hoje a 220 setores profissionais.

A pergunta agora é se realmente haverá um "CPE-2", pois as organizações sindicais e estudantis, que desde o começo dos protestos se mantiveram unidas, não se negam a dialogar com a UMP, mas mantêm a exigência de que o contrato seja suspenso.

É o que será pedido através de alterações na lei pelos parlamentares socialistas, comunistas e os centro-liberais da UDF.

Enquanto isso, a atenção está voltada para o quinto dia de interrupções e manifestações convocado para esta terça-feira.

No dia seguinte, sindicatos e a oposição de esquerda se reunirão separadamente para fazer um balanço e estabelecer a estratégia de novas mobilizações, embora a coordenadora nacional de estudantes já tenha lançado uma chamada de greve geral.





Fonte: EFE

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