Droga é causa maior de crimes

Com o registro dos assassinatos de nove adolescentes, o primeiro trimestre do ano é o mais violento dos últimos três anos na Grande Cuiabá. No ano passado, foram seis garotos executados indicando um aumento de 50% em relação a este ano. Para se ter uma idéia do salto de adolescentes assassinados, em 2.004, foram três execuções no primeiro trimestre.

Somente em março, foram cinco execuções de garotos que, de uma forma ou de outra, estavam envolvidos com tráfico de drogas, brigas de gangues, acerto de contas ou simplesmente estavam no lugar errado na hora errada.

Alguns garotos eram recém egressos do Complexo do Pomeri onde cumpriam atividades sócio-educativas. Ganharam a liberdade, mas morreram em acerto de contas. Alguns de seus desafetos aproveitaram que estavam na rua para assassiná-lo.

O mês começou com uma dupla execução de adolescentes. No bairro Praeiro, Wagner Aparecido Rodrigues Nogueira, de 15 anos, e seu colega Tiago Henrique Silva Conceição, o “Tiaguinho”, de 17, foram executados a tiros no meio da rua.

As investigações apontam que Tiago era o alvo dos criminosos e Wagner morreu porque uma bala transfixou o colega e o atingiu. Tiago havia saído recentemente do Pomeri onde estava preso por roubo.

Wiliam Santana Honorato, de 17 anos, tinha acabado de sair do Pomeri e no dia seguinte, acabou executado próximo de uma lanchonete no bairro Planalto. “Esse garoto estava jurado de morte”, disse um policial da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA).

Outro que estava jurado por traficantes era Jossemar Monteiro Lopes, de 16, morto com um tiro no bairro São João Del Rey. Com várias passagens pela DEA, ele teria envolvimento com traficantes que o executaram numa rua do bairro, às 7 horas da manhã. Familiares disseram que ele não passava todos os dias em casa.

Mas nem todos os adolescentes assassinados possuem ligação com crimes. A execução de Leandro Silva Mendes, de 16 anos, ilustra essa situação. Ele foi morto com uma facada, no momento em que passava nos fundos de uma casa no bairro Novo Paraíso em Cuiabá.

Ele deparou com um ex-presidiário que estaria drogado e o atacou. Leandro estava em companhia de um colega que conseguiu escapar à fúria do ex-presidiário. “Veja essa situação. O garoto foi morto por um drogado. Então, o crime, mesmo de forma indireta, tem ligação com drogas”, disse um policial da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).