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Internacional
Segunda - 03 de Abril de 2006 às 01:21

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BAGDÁ - A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e o chanceler britânico, Jack Straw, fizeram neste domingo uma visita-surpresa ao Iraque para forçar as autoridades iraquianas a pôr fim a quatro meses de divergências políticas e formar um novo governo. O principal obstáculo a um entendimento entre os partidos políticos é a insistência do primeiro-ministro interino Ibrahim Jaafari, indicado pelo bloco majoritário xiita, em concorrer a um segundo mandato.

Pouco antes chegada dos dois chanceleres, o comando militar dos EUA confirmava a derrubada de um helicóptero Apache na região sudoeste e a morte de seus dois tripulantes.

"Vamos tentar convencê-los a concluir logo as negociações", disse Condoleezza ao chegar à capital iraquiana acompanhada de Straw. "Acho que podemos ajudar a avançar o processo, com dados atualizados de Washington e Londres", acrescentou ela sem dar detalhes.

Por sua vez, Straw lembrou que os Estados Unidos e Grã-Bretanha investiram muito dinheiro no país árabe. "Precisamos, por isso mesmo, ver resolvido o mais rapidamente possível esse impasse político", acrescentou numa referência à escolha de quem vai governar o país.

Jaafari quer continuar no poder, apesar da forte oposição de curdos, sunitas e xiitas moderados. Ele é acusado de não ter atuado com eficácia para evitar o conflito sectário - entre xiitas e sunitas -, que ameaça desembocar numa guerra civil. Indicado pelo bloco majoritário xiita, dominado por religiosos, Jaafari insiste em manter sua candidatura.

Straw deu a entender que tanto EUA quanto Grã-Bretanha não pretendem influir no processo político iraquiano, querem apenas uma solução rápida. "Compete a eles eleger seus líderes", disse Straw aos jornalistas.

Condoleezza, por sua vez, não respondeu à indagação de um jornalista sobre se ela pediria a Jaafari a retirada da candidatura dele. Mas, segundo analistas de política internacional, o objetivo da visita inesperada de ambos ao Iraque seria exatamente retirar Jaafari do páreo, apesar de ser ele o escolhido pelo bloco majoritário no Parlamento.

Condoleezza e Straw reuniram-se com o presidente iraquiano, o curdo Jalal Talabani, e com Jaafari. Essa é a terceira viagem este ano de Straw a Bagdá. Condoleezza esteve no Iraque pela última vez em novembro do ano passado.

O presidente iraquiano emitiu um comunicado no qual diz que fez para os visitantes um balanço das negociações. "Também informei a eles os entendimentos que estamos mantendo com os partidos para a criação de um conselho político e uma comissão ministerial para lidar com os problemas de segurança nacional", disse Talabani na nota.

Pressão xiita No sábado, o líder xiita Kasim Dauoud uniu-se aos sunitas e curdos para exigir que Jaafari desista de concorrer a um segundo mandato. "O primeiro-ministro seria transformado num herói nacional se renunciasse a seus planos políticos", ironizou Dauoud. "Isso poderia tirar o processo do estancamento e acelerá-lo na formação de um novo governo", emendou.

Outro parlamentar xiita, Jalal Eddin al-Sagheer, concordou com o colega Dauoud, ao assegurar que Jaafari já não conta com o apoio dos partidos políticos iraquianos e da comunidade internacional.

"Não há outra forma para resolver o impasse na formação de um novo governo senão a retirada de Jaafari", concluiu Al-Sagheer, membro da Aliança Iraquiana Unida e do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque.

Queda de helicóptero No cenário militar, o Exército americano não deu muitos detalhes sobre o incidente envolvendo o helicóptero Apache, mas admitiu mais tarde que ele possivelmente foi derrubado por fogo hostil na região de Youssifiyah, 20 quilômetros a sudeste de Bagdá. Uma operação militar para resgatar os corpos foi montada. Os nomes das vítimas não foram revelados. O Apache dava cobertura a uma patrulha que entrara em choque com rebeldes no sábado.

Esse helicóptero foi o terceiro que caiu em território iraquiano desde janeiro, deixando 18 mortos.

Um porta-voz militar confirmou também a morte de outros três soldados americanos, que patrulhavam um subúrbio de Bagdá. O veículo deles passou sobre uma mina que explodiu.

De acordo com uma contagem da Associated Press, 2.333 soldados americanos já perderam a vida no Iraque desde 20 de março de 2003, quando o país árabe foi invadido por forças estrangeiras lideradas pelos EUA em busca de armas de destruição em massa que nunca vieram a ser encontradas.

Por fim, o porta-voz anunciou também a descoberta de 42 corpos de civis iraquianos em diversos bairros de Bagdá.





Fonte: AP, EFE e AE

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