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Internacional
Domingo - 02 de Abril de 2006 às 12:10

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Nos Estados Unidos, onde várias crianças crescem em famílias homossexuais, uma agência católica de adoções abandonou este trabalho por causa das leis de Massachusetts que proíbem a discriminação por orientação sexual. A decisão da Catholic Charities (Cáritas) na arquidiocese de Boston gerou alarme entre as organizações de homossexuais e preocupação entre os 63 milhões de católicos nos EUA, e até agora nenhuma outra diocese seguiu o mesmo caminho.

"As Catholic Charities operam como agências locais, que dependem de cada diocese", disse à EFE a porta-voz da organização católica nos EUA, Shelly Borysiewicz. "As leis são diferentes em cada estado, de modo que não há problema igual em todo o país".

Apenas em 2004, as 104 agências da Catholic Charities nos EUA processaram 4.229 adoções, das quais 1.326 foram de crianças com menos de um ano, 1.529 foram de menores com incapacidades físicas ou mentais e 797 foram internacionais.

Há duas semanas, o arcebispo de Boston, Sean O''Malley, anunciou que a Catholic Charities dessa cidade, que administrava adoções desde 1903, pararia essa função para não ter que cumprir a lei de Massachusetts que exige permitir a adoção de crianças por homossexuais.

Os bispos católicos tinham determinado meses atrás que a lei de Massachusetts "ameaça a própria essência de nossa missão cristã".

Nas últimas duas décadas, a Catholic Charities de Boston administrou 720 adoções de crianças, e só 13 delas foram concedidas a homossexuais. Mas quando isto se tornou público, os bispos, cumprindo uma ordem do Vaticano, disseram à agência que esta devia parar esses trâmites.

No início de março, sete membros do conselho diretivo da Catholic Charities renunciaram. Um deles, Peter Meade, vice-presidente executivo da agência de serviços de saúde Blue Cross Blue Shield no estado, disse que não podia "participar de um esforço que discrimina cidadãos de Massachusetts dispostos a desempenhar um papel na formação de famílias sólidas".

De acordo com a Agência Nacional de Informação sobre Adoção, nos Estados Unidos há entre 8 e 10 milhões de crianças criadas por famílias homossexuais.

Na grande maioria, não são crianças adotadas, mas filhos de um dos membros do casal homossexual, concebidos por inseminação artificial.

Nos estados de Flórida, Mississippi e Utah, a lei proíbe explicitamente que os homossexuais adotem crianças. Já Nebraska, Arkansas e Missouri têm regras que, na prática, impedem que os homossexuais tramitem adoções.

No ano passado, foram apresentadas nas legislaturas de sete estados leis que impediriam que os homossexuais adotassem crianças.

Por outro lado, em nove estados - Califórnia, Massachusetts, Nova Jersey, Novo México, Ohio, Vermont, Washington, Wisconsin - e no distrito de Columbia, onde fica a cidade de Washington, a lei permite a adoção por uma pessoa ou um casal homossexual.

Outros oito estados - Alabama, Alasca, Minnesota, Nevada, Oregon, Pensilvânia, Rhode Island e Texas - permitem o que se chama de "adoção secundária": uma pessoa adota primeiro, e depois seu parceiro é reconhecido ou reconhecida como segundo pai ou mãe adotivo.

É a via que muitos casais homossexuais usaram para adotar menores, o que, de outra forma, seria negado a eles.

Em 2002, a Academia Americana de Pediatras (APA, em inglês), que tem 65.000 membros, afirmou que "deveriam se incentivar as adoções secundárias, já que é melhor que as crianças nestas famílias tenham dois pais reconhecidos legal e plenamente".

"O que estamos presenciando é uma ''explosão de maternidade'' entre lésbicas na última década", disse Ellen Perrin, pediatra de Boston que embasou a resolução da APA com estudos.

"Há mais e mais crianças criadas por casais do mesmo sexo. Nós, os pediatras, atendemos a essas crianças, conhecemos sua situação e o que podemos fazer para ajudá-los?", disse.





Fonte: EFE

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