Al-Jaafari denuncia ingerência dos EUA na democracia iraquiana

O primeiro-ministro iraquiano interino, Ibrahim al-Jaafari, acusou os Estados Unidos de "ingerência" no processo democrático do país asiático, em entrevista publicada hoje pelo jornal americano "The New York Times".

Evitando comentar as informações de que os EUA estariam interessados em sua renúncia ao cargo, Al-Jaafari sustentou que o povo iraquiano "está preocupado" diante de uma "ameaça ao processo democrático" pela "ingerência" de "alguns líderes americanos".

Segundo o "Times", que cita altos dirigentes xiitas, o embaixador americano em Bagdá, Zalmay Khalilzad, advertiu no fim de semana passado que o presidente George W. Bush se opõe ao eventual fato de Al-Jaafari exercer a chefia do novo Governo iraquiano.

Al-Jaafari foi indicado para liderar o novo Governo em uma votação interna do bloco xiita, que conta com 130 das 275 cadeiras no Parlamento, mas ganhou a nomeação por apenas um voto e com o apoio dos 32 deputados leais ao clérigo radical Moqtada al Sadr.

As milícias de Al Sadr já enfrentaram no passado as tropas americanas, e nas últimas semanas lançaram ataques contra a comunidade sunita em represália ao atentado em Samarra do dia 22 de fevereiro contra um local sagrado para os xiitas.

Al-Jaafari afirmou que no início "havia uma política do Governo americano e do presidente (George W.) Bush de fomentar a democracia e proteger seus interesses, mas agora existe uma preocupação entre o povo iraquiano de que o processo democrático esteja ameaçado".

"Alguns líderes americanos fizeram declarações que interferem nos resultados do processo democrático", acrescentou.