Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Quarta - 29 de Março de 2006 às 08:30
Por: Alecy Alves

    Imprimir


Durante a reunião da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), realizada ontem em Cuiabá, o Fórum Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo de Mato Grosso pediu a criação da “lista branca” de agricultores e pecuaristas que não usam o trabalho escravo em suas propriedades.

A iniciativa seria uma forma de premiar com um selo de qualidade, a exemplo do que ocorre com alguns produtos no mercado em função de boas práticas de seus fabricantes, os produtores que fazem um trabalho sério e contratam seus funcionários de acordo com as leis trabalhistas. A “lista suja” já existe - dela fazem parte as propriedade denunciadas pela prática de trabalho escravo.

Vice-campeão em número de casos de trabalho escravo, Mato Grosso foi encolhido para iniciar uma campanha de erradicação dessa modalidade de crime. Aqui, ano passado 1.412 trabalhadores foram libertados de propriedades rurais nas quais trabalhavam em condições subumanas.

Ontem os ministros do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vannuchi, e representantes da Conatrae se reuniram com o governador Blairo Maggi e lideranças do agronegócio para discutir ações de prevenção e combate à prática.

Este encontro foi definido após uma reunião ocorrida mês passado, um dias após o ataque sofrido pelos fiscais do Grupo Especial Móvel de Fiscalização em Mato Grosso. No dia 8 de fevereiro, o grupo foi recebido a tiros em uma fazenda do município de Nova Lacerda, extremo oeste do estado, próximo à fronteira com a Bolívia.

A partir desse encontro a Contrae, entidade presidida pelo ministro do Trabalho e Emprego, quer atrair os segmentos da sociedade para prevenir a prática de trabalho escravo. Aqueles que não ingressarem no movimento estariam sujeitos a fiscalizações periódicas e rigorosas.

O procurador do Ministério Público do Trabalho e membro da Contrae, Luís Antonio Camargo de Melo, fez um apelo ao governador Blairo Maggi para que o estado participe de forma efetiva no combate ao trabalho escravo. “Não adianta o estado ser campeão na produção de alimentos - soja, milho, arroz, algodão - se essa cadeia produtiva continua registrado trabalho escravo”, criticou Melo.

O governador Blairo Maggi disse que o estado aceitou a incumbência de ajudar a organizar a reunião e colocar Mato Grosso à disposição da Comissão.

Maggi afirmou que todos os esforços serão feitos para a erradicação desse tipo de exploração de mão-de-obra no estado. “Pretendemos ver o Mato Grosso fora dessa ‘lista’. Não iremos medir esforços para que isso ocorra”, afirmou.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, destacou que o trabalho escravo é um "problema residual". "É uma questão residual, mas que é inaceitável”, afirmou.





Fonte: Diário de Cuiabá

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/309127/visualizar/