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Agronegócios
Terça - 28 de Março de 2006 às 16:54

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Representantes do setor rural brasileiro manifestaram otimismo com a chegada de Guido Mantega ao Ministério da Fazenda, esperando que a mudança no comando da economia brasileira possa levar a uma apreciação do real e a uma melhor negociação das dívidas do setor.

O setor agrícola, principalmente o ligado aos grãos, tem passado por uma crise de rentabilidade, em parte relacionada à apreciação do real ante o dólar, que reduz o retorno em reais nas exportações.

"Espero que a mudança possa ser boa, não quero avaliar antes de as medidas serem tomadas, mas pior do que está não dá para ficar", disse o presidente da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso), Rui Ottoni Prado.

Segundo as primeiras declarações do novo ministro Guido Mantega indicaram que ele poderá apoiar medidas que permitam uma desvalorização do real frente ao dólar, o que beneficiaria o setor exportador.

"O que temos ouvido do novo ministro é que ele quer que o Brasil volte a crescer... Ele tem dito que a taxa de juros é um problema nosso, que com juros altos há uma enxurrada de dólar para cá, valorizando o real, isso para quem vive de exportação é algo perverso," declarou.

"Estamos acreditando que esse ministro vai fazer as correções necessárias na taxa de juros, algo que o ministro anterior não teve como fazer", acrescentou Prado.

Gilman Viana Rodrigues, da comissão de Comércio Exterior da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), partilha da opinião de Prado.

"Precisamos do câmbio porque os outros custos estão valorizados, o frete, os juros", afirmou Viana, acrescentando contudo que a desvalorização não deveria ocorrer apenas para "contentar um setor".

Ele defende que a desvalorização venha em decorrência de uma mudança na política de juros. Com a Selic mais baixa, a tendência seria atrair menos capital especulativo do exterior e mais capital de investimento.

O presidente da Aprosoja cita o fato positivo de Mantega estar a par das reivindicações do setor por ter vindo do BNDES. Produtores têm pedido ao banco a prorrogação de uma dívida com vencimento em 2006 no valor de 5 bilhões de reais, referente aos programas de apoio a investimentos (Finame, Moderfrota, Moderagro, etc).

"Acreditamos que ele será sensível a isso, pois o agricultor está sem renda nesse momento."

Segundo Prado, os agricultores não estão preocupados "nem com a taxa (TJLP, usada para alguns empréstimos públicos), porque não estão tendo como tomar novos investimentos." A preocupação, reforçou ele, é com a prorrogação das dívidas.

O presidente da Aprosoja disse ainda que apóia a proposta da CNA de suspensão temporária, por 120 dias, de todas as dívidas do setor.

A área econômica do governo analisa, em conjunto com o Ministério da Agricultura, um pacote de medidas de apoio ao setor rural, que incluiria mudanças tributárias, novos créditos e adiamento do pagamento de dívidas.

O pacote, que vem sendo chamado de "MP do Bem Rural", estava sendo discutido pelo ministro Roberto Rodrigues com Antonio Palocci, e deve agora ser analisado por Mantega.





Fonte: Reuters

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