Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 28 de Março de 2006 às 11:55
Por: Suleiman Al Khalidi

    Imprimir


Líderes árabes, em um encontro de cúpula no Sudão nesta terça-feira, promoveram uma oferta de paz com Israel em troca de territórios e criticaram ameaças de retirada da ajuda à Autoridade Palestina quando o Hamas assumir o governo.

Enquanto israelenses votaram nesta terça em uma eleição que vai decidir se Israel definirá unilateralmente suas fronteiras com os palestinos, chefes de Estado israelenses rejeitaram o unilateralismo e pediram a volta das negociações de paz no Oriente Médio, apoiadas por mediadores internacionais.

A cúpula iniciou-se com a presença de apenas 12 chefes de Estado, uma decepção para os dirigentes sudaneses, que desejavam ver no encontro uma prova de solidariedade contra as críticas da comunidade internacional sobre como o país lida com a crise da região de Darfur.

Outros governos dos 22 países membros da Liga Árabe enviaram representantes de alto escalão. Entre as ausências de maior peso estavam a do presidente Hosni Mubarak, do Egito, e a do rei Abdullah, da Arábia Saudita.

Depois de ler um pequeno trecho do Alcorão, o presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, na qualidade de dirigente da cúpula de 2005, abriu a sessão em um centro de convenções localizado ao lado do Nilo Branco.

Os dirigentes devem conversar sobre o apoio financeiro para a Autoridade Palestina depois de o governo do Hamas ser empossado, sobre as tentativas árabes de reconciliar os iraquianos e sobre o conflito na região de Darfur (oeste do Sudão).

Em um discurso preparado para ser proferido na cúpula, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, deve dizer que espera dos líderes árabes a intensificação da ajuda financeira para os palestinos "a fim de reforçar a determinação de nosso povo".

Ministros árabes das Relações Exteriores prometeram manter a ajuda árabe para a Autoridade Palestina em 55 milhões de dólares por mês, menos do que os palestinos vão precisar se a União Européia (UE) e outros doadores interromperem o envio de dinheiro como forma de protestar contra o Hamas.

O grupo militante defende a destruição do Estado judaico.

Mas os ministros deixaram em aberto a possibilidade de aumentar a ajuda, afirmando que iriam decidir-se sobre o que fazer quando a Autoridade Palestina enviar aos países-membros detalhes sobre seu déficit orçamentário.

Os chanceleres recomendaram que seus governos perdoem os bilhões de dólares em dívidas do Iraque, mas não adotaram nenhuma decisão sobre a solicitação sudanesa de mais dinheiro para dar apoio à força de paz da União Africana (UA) estacionada em Darfur e atualmente com 7.000 integrantes.

O Sudão, ansioso para evitar uma intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU) em Darfur, diz que a África pode realizar essa missão sozinha.

MEDIDAS UNILATERAIS

A abertura da cúpula coincide com a realização de eleições gerais em Israel que devem manter o primeiro-ministro interino Ehud Olmert no cargo, mas agora com um mandato para fixar as fronteiras do Estado judaico sem consultar os palestinos.

Os ministros árabes, em resoluções que os chefes de Estado devem endossar, criticaram tais medidas unilaterais e reafirmaram a iniciativa árabe de paz, de 2002. Essa iniciativa é rejeitada por Israel.

A proposta prevê a normalização das relações com o Estado judaico em troca da retirada israelense para as fronteiras verificadas antes da Guerra dos Seis Dias (1967).

Bouteflika pediu que Israel participe de negociações sérias sob o patrocínio do "Quarteto" de mediadores — os EUA, a ONU, a Rússia e a UE.

O bloco europeu, o maior doador dos palestinos na última década, disse na segunda-feira que não abandonará os palestinos, mas que só poderia trabalhar com "os que buscam a paz por meios pacíficos" — uma ameaça clara de que não financiará o governo liderado pelo Hamas.

Os europeus, junto com os norte-americanos e os israelenses, exigiram do Hamas que reconheça o direito de Israel de existir, renuncie à violência e aceite os acordos de paz selados com o Estado judaico.

Mas uma autoridade da ONU, que pediu para não ter sua identidade revelada, disse que a UE e outros doadores buscavam formas de manter os serviços básicos oferecidos pelo governo palestino, tais como a saúde pública e a educação.





Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/309361/visualizar/