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Internacional
Segunda - 27 de Março de 2006 às 22:55

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Os chefes de Estado e de Governo árabes começarão uma cúpula amanhã, em Cartum, em meio às crises no Iraque, Líbano e Darfur, diante do paralisado processo de paz com Israel e das crescentes pressões internacionais sobre a Síria.

Apesar da importância dos assuntos a serem discutidos e da delicada situação na região, a cúpula estará marcada pela ausência de vários dos 22 líderes da Liga Árabe, que realizará amanhã sua primeira reunião desta categoria no Sudão, desde 1967.

O Sultão de Omã, Qabus bin Said; o presidente da Tunísia, Zine al-Abidine ben Ali, e o chefe de Estado interino do Iraque, Jalal Talabani, já anunciaram que não irão, enquanto fontes sudanesas disseram à EFE que o Egito será representado pelo primeiro-ministro.

O órgão pan-árabe e o Governo sudanês insistem em que, apesar de tudo, a reunião será de "especial importância", e afirmam que sairá com uma "postura unificada" sobre os questões-chave, como o apoio financeiro árabe ao movimento islâmico palestino Hamas, vencedor das eleições de janeiro.

A minuta da "Declaração de Cartum", que será emitida ao final da cúpula, pede que a comunidade internacional "respeite a escolha do povo palestino", em referência à vitória eleitoral do Hamas, considerado pelos EUA e pela União Européia uma organização terrorista.

No entanto, fontes diplomáticas árabes não descartam que a cúpula pressione o Hamas para que flexibilize sua postura em relação a Israel, e voltem a propor a "iniciativa de paz árabe" como base para uma solução permanente do conflito no Oriente Médio.

Essa proposta, aprovada na cúpula de Beirute, em 2002, oferece o reconhecimento árabe de Israel em troca da retirada israelense dos territórios árabes ocupados em 1967, incluindo Jerusalém Oriental.

Na agenda da cúpula aparecem outros assuntos preocupantes, liderados pela situação no Iraque, país que está em meio a um banho de sangue desde sua invasão, em 2003.

Os líderes discutirão sobre o papel que a Liga Árabe desempenhará para ajudar no restabelecimento da segurança e afastar o fantasma da guerra civil no Iraque, um dos países fundadores da Liga Árabe, em 1945.

O porta-voz do órgão pan-árabe, Alaa Rashad, disse à EFE que em Cartum haverá a aprovação da abertura de uma representação da Liga Árabe no Iraque.

O próprio secretário-geral da organização, Amre Moussa, não descartou que "dentro de um mês" esteja no Iraque um enviado especial da Liga, e que uma segunda rodada do diálogo para a reconciliação nacional iraquiana aconteça em Bagdá, em junho, após a primeira realizada no final de 2005, no Cairo.

Outra questão é a crise de Darfur, no oeste do Sudão, onde centenas de milhares de pessoas morreram e cerca de dois milhões tiveram que deixar suas casas devido ao conflito bélico, que começou em 2003, entre grupos rebeldes e milícias pró-governamentais nessa região, na fronteira com o Chade.

O ministro das Relações Exteriores sudanês, Lam Akol, disse que Cartum espera um claro apoio político e financeiro dos árabes a seu país, seja para a paz no sul do Sudão ou para acabar com a crise em Darfur.

O Governo de Cartum espera que um apoio financeiro e logístico árabe às forças de paz da União Africana (UA) em Darfur evite a adoção de uma resolução pela ONU para o envio de tropas multinacionais à região.

Já a Síria tenta conseguir o apoio árabe diante das pressões internacionais a Damasco, especialmente dos EUA, que acusam Damasco de patrocinar o terrorismo.

Além disso, o regime sírio se defende contra acusações de grupos libaneses de estar envolvido no assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em fevereiro de 2005.





Fonte: EFE

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