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Segunda - 27 de Março de 2006 às 08:52

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A recuperação do rio Taquari, um dos principais formadores do Pantanal, é questão de vontade política e esta iniciada está sendo liderada pelo senador Delcídio do Amaral (PT/MS), que propôs a formação de um comitê multiministerial para canalizar recursos financeiros para estudos e primeiras intervenções. A afirmação é do superintendente da Administração da Hidrovia do Rio Paraguai (Ahipar), Fermiano Yarzon.

A solução emergencial, segundo ele, será desobstruir os bancos de areia que reduz a calha do rio e garantir a navegabilidade do novo canal aberto a partir do arrombado Zé da Costa. Nesse trecho, o Taquari deixou de correr para o sul, para desaguar no rio Paraguai (Porto da Manga), deslocando-se a oeste para encontro com as águas de outros dois afluentes, os rios Negrinho e Paraguai-Mirim.

A agonia do Taquari, um rio piscoso e navegável até os anos 80, traduz-se na maior agressão ambiental ocorrida no Pantanal. O entupimento de seu leito, devido a ocupação desordenada do Cerrado no norte de Mato Grosso do Sul e na região do Araguaia no Mato Grosso, provocou a inundação permanente de 11 mil km2 de área na planície pantaneira. O desastre afetou 400 famílias de pequenos colonos e atingiu 100 fazendas.

Os recursos (R$ 4 milhões) que serão liberados pelos ministérios da Integração e do Transporte vão permitir, de imediato, estudos de batimetria do rio e a dragagem simples em pontos críticos, que se situam numa extensão de 100 km, entre Caronal e Zé da Costa. A ação, observa Fermiano Yarzon, deve ser precedida de programas de contenção da erosão, reflorestamento das matas ciliares e manejo do solo.

“Para salvarmos o Taquari as intervenções são simples e práticas e não exigem centenas de milhões de reais”, afirmou o técnico. “Há mais de 30 anos trabalhamos para garantir o fluxo normal da água no rio Paraguai, que recebe sedimentos do planalto por conta de um processo natural e também devido ao desmatamento e agricultura. O Taquari não é diferente e a solução existe, a solução está aqui do nosso lado.”

Ação política – O superintendente da Ahipar (empresa do Ministério dos Transportes sediada em Corumbá) citou como exemplo o Tietê, cuja agressão ambiental também levou décadas de discussões enquanto o rio agonizava. “Hoje estão dragando o rio, que se recupera. O primeiro passo é limpar a passagem da água, sobretudo no Pantanal, onde essa água é preguiçosa e lenta e permite o acúmulo de sedimentos”.

Yarzon, que acompanhou o senador Delcídio do Amaral em reuniões nos ministérios da Integração e dos Transportes, na semana passada, garantiu que não faltarão recursos para retirar os bancos de areia que entupiram o canal do rio, impedindo o fluxo normal da água e a navegação. Disse que a Ahipar tem verba para manutenção da Bacia do Rio Paraguai prevista no orçamento da União, através do DNIT.

“Recursos não faltam, a questão era falta de uma ação política, que agora o senador está à frente”, afirmou o superintendente. “Não vamos inventar nada, tão-somente retirar os sedimentos que estão obstruindo o canal, sem intervir na condição natural do rio”, garantiu. Yarzon ressaltou que a Ahipar não draga pontos críticos no rio Paraguai, na região de Cáceres, apenas para o navio passar.

Antigo leito – Se essa limpeza do canal, com a retirada de toneladas de areia e outros sedimentos carreados da fronteira agrícola de Mato Grosso, não fosse feita periodicamente, o rio Paraguai estaria ameaçado tanto quanto o Taquari, segundo ele. “Faremos no Taquari o mesmo procedimento adotado no Paraguai, ou seja, garantir o fluxo normal da água em seu leito, desobstruindo os bancos de areia”, disse.

O superintendente da Ahipar sobrevoou o Taquari e constatou que as intervenções técnicas devem respeitar o processo natural que ocorreu há mais de uma década, quando o rio rompeu-se e criou um novo canal. O antigo leito, do arrombado Zé da Costa à sua foz, no rio Paraguai, desapareceu ao longo de seus 82km. Não há sinal de água e a areia depositada tornou-se trilha de gado e de veículo traçado.





Fonte: MS Notícias

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