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Economia
Segunda - 27 de Março de 2006 às 08:02
Por: Marcondes Maciel

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As perdas dos produtores mato-grossenses com a ferrugem asiática - doença provocada por um fungo que ataca as folhas da soja e reduz a produtividade do grão - alcançaram a cifra de R$ 1,37 bilhão só na safra 05/06. Este número leva em conta a queda da produtividade (em torno de 10%) e os custos com a aplicação de fungicidas para controlar a ferrugem. As informações são da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja).

“Ano após ano a ferrugem tem sido mais agressiva, exigindo maiores investimentos para ser controlada”, conta o diretor administrativo da entidade, Ricardo Tomczyk. Segundo ele, só nesta safra os produtores tiveram que desembolsar algo em torno de US$ 860 milhões para combater a ferrugem.

“Além disso, a nossa expectativa era colher três mil quilos [de soja] por hectare (ha), média de 50 sacas registradas em 2003, e não vamos chegar a 45 sacas/ha devido ao ataque da ferrugem. Diante deste cenário, não é nenhum exagero afirmar que a área plantada no Estado poderá cair até 40% na próxima safra”, alerta Tomczyk.

Segundo estimativas de órgãos oficiais como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada de soja em Mato Grosso é de 5,7 milhões/ha, com uma previsão de colheita próxima a 15,4 milhões de toneladas (t) de soja, contra a estimativa inicial de 17 milhões/t.

Uma redução de 1,6 milhão/t que irá se refletir nesta safra em um prejuízo de R$ 510 milhões para os produtores. Somando-se aos R$ 860 milhões com os gastos com fungicidas, as perdas dos sojicultores chegam a R$ 1,37 bilhão.

“Este ano os produtores sofreram dois golpes da ferrugem: o primeiro foi a queda da produtividade e, o segundo, os custos com os fungicidas”, lembra Tomczyk. E, para complicar ainda mais a situação do sojicultor, o custo médio de produção em Mato Grosso de 25 saca/ha nesta safra, ficou bem acima do preço pago pelo mercado no momento, que em cerca de R$ 14 e R$ 18, fruto da defasagem cambial.

EPIDEMIA - “O governo (União) vai ter que entender que existe uma epidemia no campo. Sem uma intervenção oficial, a doença pode tomar uma proporção que irá inviabilizar a cultura da soja em Mato Grosso”, adverte o diretor da Aprosoja.

Na avaliação de Tomczyk, o quadro é dramático e o governo deve intervir imediatamente, importando o fungicida e fornecendo-o aos produtores. “Não há outra saída, pois os sojicultores estão descapitalizados. Ou o governo dá este socorro ou a agricultura ficará definitivamente inviabilizada”.

Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, José Nardes, este é um péssimo momento para os produtores, pois estão amargando perdas com a safra anterior e pagando as conseqüências da ferrugem. “Nesta safra estamos quebrados e não vemos luz no fim do túnel”, afirma, desesperançado.

A maior autoridade em ferrugem asiática do país, o fitopatologista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Soja Londrina), José Tadashi Yorinori, visitou este ano diversas lavouras de soja em Mato Grosso e ficou espantado com o que viu.

O especialista chegou à conclusão de que só é possível enfrentar a ferrugem asiática – o grande terror dos sojicultores - se houver união dos produtores e uma ação efetiva do governo que os possibilitem fazer um melhor controle e monitoramento das lavouras: “Sem estas medidas a agricultura estará fadada ao fracasso, podendo sucumbir à força deste fenômeno chamado ferrugem”.





Fonte: Diário de Cuiabá

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