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Polícia Brasil
Segunda - 27 de Março de 2006 às 07:39

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Montar um arsenal era o objetivo dos bandidos ao planejar ataques em série em unidades militares no Rio de Janeiro. Interceptações telefônicas obtidas pelas Forças Armadas, às quais a reportagem teve acesso, revelam que o plano dos criminosos era atingir meta de mais de 100 fuzis. Em trecho da gravação, um integrante da quadrilha fala em "grupo montado" só para coordenar as ações com a ajuda de "gente" aliciada nas próprias unidades militares. Os alvos seriam os armamentos sob a responsabilidade do corpo da guarda, formado por praças e oficiais de plantão que ficam, armados, com a responsabilidade de fazer a segurança do quartel. Ataques aos paióis, onde fica a maioria das armas, seriam bem mais complicados.

Na conversa, um dos criminosos deixa escapar a quantidade de fuzis desejada com os ataques em série e diz:

"Isso (a quantidade) pegando só o que tiver no corpo de guarda". Foi essa a estratégia da quadrilha que invadiu o Estabelecimento Central de Transportes (ECT) do Exército, em São Cristóvão, no Rio, dia 3. O grupo de sete invasores - do qual fariam parte dois ex-militares que tinham servido no quartel e estão presos - atacou justamente o corpo da guarda.

A dupla havia dado baixa pouco antes do crime. Um sargento da ativa, lotado na unidade, também é investigado sob suspeita de envolvimento com o bando, mas a Justiça determinou que fique em liberdade.

Gravações telefônicas mostraram o planejamento do grupo, que falava em atacar também unidades da Vila Militar, em Deodoro. As armas mais cobiçadas são os Fuzis Automáticos Leves (FAL), do modelo dos roubados do ECT.

A munição do FAL, calibre 7.62, viaja a 2.880 km/h do cano até o alvo. A bala desenvolve sua trajetória em rotação em torno de seu próprio eixo. Mas se esbarra em um osso, por exemplo, muda de rota, provocando estrago que quase sempre leva à morte.

Outra característica do FAL, apontada por especialistas do Exército, é que qualquer rapaz que tenha prestado serviço militar sabe manusear a arma. Os melhores, com boa pontaria e habilidosos na manutenção, são convidados a fazer curso de cabo para ficar mais tempo que os até 12 meses de serviço militar obrigatório. Entretanto, a legislação os obriga a dar baixa seis anos após. Esse reservista é o que mais facilmente acaba sendo cooptado pelo tráfico.





Fonte: O Dia

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