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Economia
Sábado - 25 de Março de 2006 às 10:33

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O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, deverá deixar o governo em breve. A Folha apurou que há possibilidade de que seja substituído até segunda-feira. Em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anteontem à noite, ele admitiu que perdeu "as condições políticas", segundo suas próprias palavras, de permanecer na Fazenda.

A única possibilidade de Palocci continuar ministro seria um desfecho rápido da investigação da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa que mostrasse que a violação não teve envolvimento da assessoria da Fazenda.

A PF (Polícia Federal), que faz essa investigação, já colheu indícios de que pelo menos o vazamento teria tido participação da assessoria do ministro .

"Palocci está comprando horas", disse à Folha um integrante da cúpula do governo. Lula e os principais ministros avaliam que, mesmo que Palocci supere o episódio do caseiro, outros dissabores aparecerão, o enfraquecerão e contaminarão a popularidade do presidente e do governo.

Até quinta-feira à tarde, Lula estava disposto a segurar Palocci no cargo. Pesava a avaliação de que entregar sua cabeça seria dar uma vitória à oposição. No entanto, Lula recebeu ao final daquele dia informações sobre a apuração da quebra ilegal do sigilo. E ouviu que havia sido negativa a repercussão de que o caseiro passara de testemunha a investigado pela PF.

Em conversas reservadas, Lula disse que quem quebrou ilegalmente o sigilo do caseiro deve pagar e que esse episódio não foi decisão de governo. Mais: o presidente avalia que o governo perdeu a "batalha da comunicação" no caso e que não pode passar à história como conivente com quebra de direitos individuais.

Nesse contexto, aceitou na quinta à noite a possibilidade de substituir Palocci. E ouviu do próprio ministro que ele havia perdido "as condições políticas" e que estava abalado porque sua família sofre com o episódio. O caseiro disse que Palocci freqüentou casa alugada em Brasília por ex-auxiliares para fazer lobby e dar festas com garotas de programa. Palocci disse à CPI dos Bingos que nunca foi à casa.

Na opinião de Lula e principais auxiliares, ele estaria sendo visto como um presidente que protege um poderoso ministro contra um cidadão de origem humilde à custa de abusos das instituições do Estado. Essa imagem foi considerada mortal do ponto de vista eleitoral por auxiliares de Lula.

A cúpula do governo avalia que, a cada dia sem solução da violação do sigilo bancário de Francenildo, Lula se desgasta mais. Daí a chance de Palocci deixar a Fazenda até segunda, apurou a Folha. No governo, há quem defenda uma troca no fim de semana para que o mercado não abra nervoso na segunda.

O discurso de Palocci em evento na sexta em São Paulo teria sido um elegante adeus para evitar turbulência nas Bolsas e permitir uma solução no final de semana, quando o mercado financeiro está fechado. Lula deverá dizer que a política econômica em vigor é sua e continuará com um eventual substituto. O próprio Palocci deu a entender isso no discurso.

Mantega e cotados

Segundo auxiliares, Guido Mantega, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), é um forte candidato a substituir Palocci. Há sugestão para a escolha de um empresário com o perfil de Abílio Diniz (Grupo Pão de Açúcar), mas a intimidade com o presidente é considerada um critério mais importante. Mantega tem essa proximidade.

Outros nomes, menos cotados, são: os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e o secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal.

A Folha apurou que o próprio Palocci não fez nas reuniões de governo uma negativa convincente da possibilidade de que sua assessoria tenha se envolvido na quebra de sigilo.

Como o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, e um assessor não teriam demonstrado disposição de assumir a responsabilidade pela violação, é considerada pequena a chance de que um membro do governo leve sozinho a culpa e salve Palocci. "Está difícil achar um herói", ouviu a Folha no Palácio do Planalto.





Fonte: 24HorasNews

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