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Nacional
Sexta - 24 de Março de 2006 às 18:55
Por: Rita Tavares

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SÃO PAULO - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, fez um forte discurso rebatendo as acusações que vem sofrendo e dizendo que não vai misturar assuntos pessoais ou políticos com sua atuação à frente do ministério. Segundo ele, a política está cobrando seu preço. E há um recrudescimento da crise política iniciada em 2005. "Mas eu não creio que isso vá prejudicar ou abalar a economia", disse, lembrando que os piores momentos de tensão política no ano passado não provocaram "desarranjo" no processo econômico.

Palocci, porém, não deu explicações sobre a denúncias ao falar a uma platéia de empresários na posse do Conselho de Administração da Câmara Americana de Comércio (Amcham). "Infelizmente, neste momento as forças da política se encontram em um conflito extremamente negativo para o País", afirmou o ministro, para em seguida dizer que isso não implica crítica à política ou aos políticos. Ele enfatizou que é um político e não se recusa ao debate político, tendo, inclusive, comparecido quatro vezes ao Congresso Nacional, sendo três delas em 2005 e uma neste ano para dar explicações.

Palocci, entretanto, disse que o jogo político, que é natural em ano eleitoral, chegou "a um nível de exacerbação além do que é razoável". Para ele, algumas políticas - e não partidos ou líderes partidários - são responsáveis por isso. Segundo ele, essas pessoas não têm limites entre "investigar o que é justo e perseguir; entre críticas e respeito às pessoas".

Apesar desse quadro de instabilidade, Palocci, que abriu seu discurso dizendo que falaria mais com o coração do que com a razão, já que vive hoje em um dos círculos do "inferno de Dante", disse que terá serenidade para atravessar esse Período.

Erros Palocci admitiu que tanto o governo como o PT e ele próprio cometeram erros na atual crise política. "Houve erros de todos os lados. Não sou daqueles que acha que só a oposição está errada. O governo cometeu erros, meu partido cometeu erros e eu, certamente, cometi erros. Todos nós temos de pagar pelos erros que cometemos", disse.

Em seguida, o ministro foi enfático em dizer que não se pode transformar o debate político em uma crise sem fim, em uma crítica desenfreada a todas as coisas e pessoas. Palocci repetiu várias vezes que não se pode permitir que a política atinja a vida das pessoas e das famílias.

Voltando-se para os jornalistas que acompanhavam seu discurso, o ministro pediu licença à platéia de empresários para explicar porque manteve-se em silêncio nos últimos dias, evitando contato com a imprensa. "Quero que vocês compreendam que não posso como ministro da Fazenda debater todo tipo de acusação baixa e ofensas que são apresentadas no jogo político", disse.

Segundo Palocci, se fizesse isso, estaria comprometendo a condução da economia. O ministro disse que já optou pelo silêncio em outros momentos de crise, porque acredita que não pode trazer para o ministério um debate sobre esses temas. "Sei que não vou envolver o Ministério da Fazenda em uma situação como essa", afirmou. Segundo ele, o silêncio é para preservar a instituição.

O ministro foi denunciado pelo caseiro Francenildo Santos Costa. Nildo, como é conhecido denunciou as visitas de Palocci à mansão alugada em Brasília pelos lobistas conhecidos hoje como "república de Ribeirão" e afirmou ter visto dinheiro chegar em malas e ser dividido na casa. Palocci sempre negou que tivesse visitado a mansão. O caseiro teve o seu sigilo bancário quebrado ilegamente na Caixa Econômica Federal.





Fonte: Agência Estado

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