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Internacional
Quinta - 23 de Março de 2006 às 11:40

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Em um país como Israel, onde questões tão essenciais como a posse da terra ou a segurança dependem das decisões dos governantes, os cidadãos perderam a ilusão de comparecer às urnas na próxima semana e a abstenção pode atingir níveis recordes. De esquerda ou de direita, os diferentes partidos têm sérios problemas para estimular o eleitorado. A falta de interesse é tão grande que os líderes políticos evitaram, inclusive, os grandes comícios por medo de cair no ridículo diante de pequenas audiências.

"Os partidos lutam contra a indiferença", afirmou nesta semana o jornal Maariv.

Nada nas ruas das grandes cidades, exceto poucos cartazes, permite pensar que Israel vive a reta final de eleições cruciais.

"Saiam às ruas e votem. O que acontece com vocês? É o momento mais importante da história de Israel, quando finalmente estamos falando de estabelecer as fronteiras e, até mesmo, de acabar com a ocupação e criar um Estado palestino", clamou o cientista político Yael Paz Melamed nas páginas do jornal Maariv.

Muitos comentaristas políticos consideram que esta apatia geral se deve ao fato da vitória do atual primeiro-ministro interino, Ehud Olmert, e de seu partido Kadima (centro-direita) serem consideradas certas.

Desde janeiro, quando o chefe de Governo e fundador do Kadima, Ariel Sharon, entrou em coma depois de sofrer um derrame cerebral e Olmert assumiu o governo do país, o partido sempre liderou as pesquisas, apesar de ter perdido vantagem nas últimas semanas.

Vários institutos de pesquisa alertaram que a votação registrará a maior taxa de abstenção da história do Estado de Israel. O índice, normalmente alto no país, pode superar 30%, contra 21% em 2003. Além disso, 10% dos eleitores estão indecisos.

O desinteresse geral ficou claro na segunda-feira, em uma simulação de votação celebrada na Universidade de Tel Aviv, onde apenas estudantes participaram. As novas gerações de eleitores consideram que todos os partidos são iguais e que não existem dirigentes com um carisma especial que se diferenciem claramente do resto.

"Nunca acontece a mudança que esperamos. Os políticos ganham com um programa e depois aplicam outro. O povo israelense só quer paz, mas a cada dia vivemos com mais medo, quase enjaulados", afirma Lilit Filk, universitária de Jerusalém.

Para motivar o eleitorado, os políticos se limitam ao espaço da propaganda eleitoral na televisão, que registra péssimos índices de audiência, a pequenos atos nas ruas e entrevistas à imprensa.

A pequena participação favorecerá o Likud (direita) ou até mesmo a direita radical, cujos adeptos parecem mais motivados para comparecer às urnas. "Cidadãos: se ficarem sentados em casa, estarão votando no Kadima", advertiu Benjamin Netanyahu, líder do Likud.

Por medo da passividade de seus adeptos, os dirigentes do Kadima não dão a vitória por garantida e convocam um forte comparecimento às urnas para conseguir o maior número possível de deputados, o que possibilitará a aplicação do programa do partido, sobretudo a retirada parcial da Cisjordânia.

"Nestas eleições não se vota por um partido ou outro, mas para colocar em movimento o processo democrático, cuja alternativa é o fascismo", explica Yaron London, editorialista do jornal Yediot Aharonot.

Segundo o analista, estas eleições são uma espécie de referendo que consiste em aprovar ou rejeitar um plano para estabelecer as fronteiras permanentes do Estado de Israel".

De acordo com as pesquisas mais recebtes, o partido do primeiro-ministro interino Ehud Olmert conseguiria entre 34 e 37 cadeiras das 120 do Parlamento. Os trabalhistas, liderados por Amir Peretz, conseguiriam 20 cadeiras e o Likud, de Benjamin Netanyahu, entre 14 e 18.





Fonte: AFP

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