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Cidades/Geral
Quarta - 22 de Março de 2006 às 10:07

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Estatísticas da ONU revelam que aproximadamente 1 bilhão de pessoas não têm acesso a água tratada e cerca de 1,7 bilhão não têm sistema de esgoto, sendo responsáveis por índices como: 80% das doenças; 65% das internações hospitalares; a morte de cerca de 4 milhões de crianças por ano (de doenças como a cólera, por exemplo); e gastos na ordem de US$2,5 bi com saúde. São números como estes que tornam o Dia Internacional da Água, 22 de março, muito mais que uma data comemorativa, um dia de questionamentos e preocupações em nível global.

Um estudo feito pela ONU mostra 17 países com absoluta insuficiência de água, o que significa incapacidade de manter o nível de produção agrícola ou satisfazer suas necessidades industriais e domésticas. Bem como coloca a oferta de água doce potável apenas até 2025, se a sociedade continuar no mesmo ritmo de expansão desordenada e poluição dos mananciais.

Por um lado, índices como estes trouxeram novas e positivas estratégias, além de uma necessária preocupação com políticas públicas dos recursos hídricos e atuação dos poderes oficiais em um Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, mas por outro levantou abordagens por vezes muito radicais no âmbito de preservação, que não prevêem a interação com as comunidades.

Como define o secretário executivo do Centro de Pesquisa do Pantanal – CPP, Paulo Teixeira de Sousa Jr., falar em preservação ambiental, tendo como foco os recursos hídricos ou quaisquer outros, muito mais que se tratar de uma questão de delimitação de áreas e intitulação de mais parques ecológicos, se traduz na necessidade de projetos sócio-econômicos que permitam a exploração sustentável. “O Pantanal, por exemplo, precisa ser contextualizado não somente enquanto delimitação de um espaço natural, mas social e econômico, onde se terá que continuar, de forma saudável, dando manutenção à comunidade – seja pecuarista, seja pesqueira, seja apenas moradora, associado à medidas de preservação do mesmo”, delineia Paulo Teixeira.

Atuante em vários projetos de pesquisa na extensão territorial do Pantanal Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o CPP é parceiro do Programa Regional Ambiental do Pantanal -PREP, Ação apoiada pela Universidade das Nações Unidas – UNU e coordenada pela Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Além das suas atividades no seio da Rede Mundial de Centros e Programas de Pesquisas da Universidade das Nações Unidas, através do UNU-PREP, o CPP, em parceria com o Ministério da Ciência e tecnologia, desenvolve um grande programa de pesquisa sobre a pecuária, a pesca e as atividades econômicas alternativas no Pantanal. “Este Programa efetua pesquisas e capacita profissionais de diversas áreas – ecologia, economia, engenharia, direito, administração, dentre outras – visando contribuir para a elaboração e a execução de políticas públicas que promovam a cidadania e o bem estar da população da região pantaneira, considera área de preservação”, aponta Paulo.

A partir de medidas como as que o CPP vem aplicando no Pantanal, uma área de utilização polêmica e de repercussões mundiais, pode-se ter uma projeção do problema dos recursos hídricos em escalas maiores. A verdade é que, tanto nos centros urbanos quanto na zona rural, a questão passa pelo planejamento de ocupação territorial e necessidade de ampliação de saneamento básico e de rede de esgoto, fiscalização do uso de agrotóxicos e muitos outros fatores, não menos polêmicos e difíceis, já que estes perpassam a questão social e econômica, igualmente, envolvendo a possibilidade de desvirtuamentos – em ocupações de áreas públicas indevidas, por exemplo, que traz uso incorreto do espaço, principalmente por falta de saneamento básico; ou em áreas privadas – degradação do espaço com lavouras e outras atividades que podem poluir e envenenar os mananciais.

“Face à existência de uma população mundial de cerca de 6 bilhões de pessoas, o planeta ruma na direção de uma escassez crônica de água. Se mantidos os atuais padrões de crescimento, a previsão é de que a população global chegue a 8 bilhões, em 2025, aumentando drasticamente a demanda e agravando os conflitos ocasionados pela escassez. Mas, lado a lado, temos seres humanos e várias outras espécies partícipes e vitais nos ecossistemas que precisam ser mantidos. Assim, este dia 22 nos lembra que temos muitos desafios, sendo o primeiro deles despertar a consciência para a preservação dos recursos naturais e, paralelo, acelerar a formulação de políticas públicas e projetos que levem em conta os aspectos técnicos, econômicos, sociais e ecológicos”, pontua Paulo.

Água no Planeta - A Terra poderia ser chamada de Planeta Água. As águas ocupam 71% da superfície do planeta, além do potencial hídrico subterrâneo que é 100 vezes maior que o potencial das águas superficiais. Do total da água, apenas 0,63% é água doce, e grande parte dela é imprópria para consumo. Avaliada como um dos bens mais valiosos do século, o recurso, segundo o Banco Mundial, vai requerer investimentos na ordem de US$ 800 bilhões em todo o planeta para que não falte.





Fonte: Olhar Direto

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