Decreto de falência inibe a atuação de acionistas

Termina hoje o prazo para a entrega de propostas pela Brasil Ferrovias, a malha que liga Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ao porto de Santos. Os acionistas da MRS Logística e da ALL ainda não haviam decidido se efetivariam a apresentação de suas ofertas até as 19h de ontem.

Técnicos de ambas as empresas passaram o final de semana debruçados sobre os números da Brasil Ferrovias. O temor, relataram fontes que tiveram acesso aos dados, é que o prazo para apreciar as informações, considerado curto, colabore para a dificuldade de identificar esqueletos contábeis.

Outro motivo que coloca interrogações sobre as ofertas é o fato da Brasil Ferrovias ter tido sua falência judicial decretada neste mês. A decisão, no entanto, foi revertida na semana passada.

A Brasil Ferrovias vive uma situação paradoxal. A empresa domina estradas de ferro tidas como das mais estratégicas para o país, uma vez que por seus trilhos são escoados para a exportação de madeira, minério e grãos produzidos na região Centro-Oeste.

Além disso, a Brasil Ferrovias teve o caixa turbinado no ano passado, quando foi capitalizada com R$ 1,1 bilhão no ano passado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal).

Por outro lado, o mercado parece não ter ficado plenamente convencido de que problemas de gestão tenham sido superados apenas com o aporte. A Brasil Ferrovias, à época da capitalização, tinha dívidas em torno de R$ 1,6 bilhão e vinha de sucessivos resultados negativos.