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Cidades/Geral
Quarta - 22 de Março de 2006 às 07:40
Por: Natacha Wogel

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O Conselho Municipal de Defesa da Criança e do Adolescente contabilizou 25 casos de abandono de recém-nascidos ocorridos ao longo de 2005 em Cuiabá, além de mais de 70 de negligência contra crianças, que envolvem maus tratos e descuido com as necessidades básicas (assistência, criação e educação). Esta semana, uma mãe abandonou o filho recém-nascido no Hospital Geral.

Para a coordenadora do 1º Conselho Tutelar da Capital, instalado no Centro, Elizabeth Beatriz Tschope, os números estão longe da realidade sobre os diversos tipos de abandono vividos pela entidade, que chega a registrar 10 casos por semana.

“Quando um recém-nascido é abandonado em um hospital, para nós daqui do Conselho, ele foi deixado no lugar certo, onde estará sob cuidados e fora da situação de risco extremo, porque logo será encaminhado para um abrigo e para adoção, caso não seja encontrado ninguém da família. Pior é a situação de crianças que todos os dias são maltratadas, abandonadas pelas ruas, negligenciadas e vivendo em completa situação de risco. Nelas, os traumas são muito mais profundos, a vida é muito mais dolorida e isso acontece todos os dias”, comentou, informando que um dos conselhos campeões de ocorrências é o do CPA.

A conselheira exemplificou a situação contando o caso de um pai que deixou na semana passada seu filho de oito anos no Conselho, dizendo que vinha de Tangará da Serra de bicicleta, com destino a Rondonópolis, e não queria mais a criança. Conforme Elizabeth, a desagregação dessa família já havia gerado inúmeras ocorrências no conselho de Tangará. “A mãe dele está foragida do marido, com uma outra criança menor, porque sofria maus tratos. O menino já tinha sido dado a uma família para adoção, de forma informal, mas o pai resolveu sair da cidade e o trouxe para deixá-lo no Conselho daqui. Imagine como já está essa criança, que sofreu todas essas agressões, esses traumas”, contou.

De acordo com Elizabeth, nas situações de negligência em que há crianças correndo risco extremos, o Conselho pode, através de medida protetiva, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, enviá-la a um abrigo, afastando-a do convívio domiciliar. “Nesses casos, temos que conversar muito com a mãe, já que o pai geralmente é uma figura ausente, sobre a necessidade de afastar a criança daquele ambiente. Mas ela, depois de cumprir as medidas estipuladas pela Justiça, pode ter acesso à criança no abrigo e recuperar o direito de criá-la”.

Os casos de negligência e abandono registrados pelo Conselho Tutelar do Centro não estão restritos às classes sociais mais baixas. Segundo Elizabeth, há casos de empresários abandonando filhos adolescentes por se sentirem impotentes em lidar com as dificuldades apresentadas por eles. “Aqui, temos famílias mais abastadas, e algumas da classe assalariada que têm moradia própria, mas apresentando os mesmo problemas. Os pais que vêm até nós sempre colocam a culpa nos filhos, dizendo que a criança é que tem um gênio ruim e, por isso, querem deixá-la. Tem mãe que diz sentir ojeriza por determinado filho. Enfim, são casos que até a nós chocam muito”, relatou a conselheira. Para fazer denúncias ao Conselho Tutelar do Centro, o telefone é o 3025-7651.





Fonte: Diário de Cuiabá

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