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Polícia Brasil
Segunda - 20 de Março de 2006 às 13:51

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O depoimento do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, marcado para hoje à tarde no Fórum Criminal de Cuiabá, deve ser uma reedição da audiência ocorrida no dia 20 de outubro de 2002, quando a Polícia Civil ouviu o depoimento do homem apontado como o ex-chefe de uma das maiores organizações criminosas do País.

Naquela época, João Arcanjo, preso há dez dias no presídio Pascoal Ramos disse, em depoimento de seis horas de duração, que nada tinha a ver com a morte do empresário do ramo de comunicações, Sávio Brandão, assassinado em 30 de setembro de 2002.

Ao que tudo indica por instruções dos advogados defensores o bicheiro deve permanecer calado durante a audiência.

João Arcanjo Ribeiro passou a ser apontado como o mandante da morte de Sávio a partir do depoimento o ex-cabo da Polícia Militar, Hércules Agostinho. O ex-militar foi mostrado à imprensa como o assassino de Sávio na tarde seguinte à morte. Depois de negar nos primeiros depoimentos, Hércules acabou confidenciando à polícia que ele tinha ganhado dinheiro para matar o empresário.

Hércules disse que havia matado Sávio com a participação do ex-soldado da PM, Célio Alves, e do ex-cobrador de dívida, João Leite. O pistoleiro confesso disse que Leite foi quem intermediou o assassinato. E que João Arcanjo seria o mandante. Embora o ex-militar tenha ocultado o nome de um terceiro comparsa no assassinato, Fernando Belo, amigo seu, também foi preso e condenado.

Sávio teria se tornado o desafeto público número 1 do bicheiro Arcanjo por conta de publicações de reportagens no jornal Folha do Estado. No jornal, foram divulgados materiais que indicavam a relação de Arcanjo com as máquinas caça-níqueis, com jogos e ainda com negócios suspeitos na construção de uma usina. Tais reportagens provocaram depois a abertura de inquéritos policiais.

Durante as publicações, João Arcanjo teria mandado um emissário até o jornal propondo uma trégua nas reportagens. Sávio disse ainda a amigos que soube por meio de boatos que sua “cabeça” estaria a prêmio e que até pistoleiros estariam sendo contratados para matá-lo.

De acordo com versão do ex-cabo Hércules, antes de ele ter sido contratado para assassinar Sávio, outras pessoas já haviam sido convocadas pelo ex-soldado Célio, mas a “empreitada” teria sido frustrada.

Quebras de sigilos telefônicos indicam que no dia 30 de setembro de 2002, os pistoleiros seguiram os passos de Sávio desde a manhã até por volta das 15 horas, quando ocorrera o assassinato.

Sávio Brandão deixou o prédio da sede de uma de suas empresas e seguiu no carro de um amigo até um restaurante. De lá, foram até o bairro Consil, onde era construída a nova sede do jornal Folha do Estado. Sávio segurava um celular na mão e mostrava ao amigo a fachada empresa. Hércules, que era conduzido na garupa de uma motocicleta, aproximou-se, desceu e descarregou tiros de pistola no empresário. Hércules, que confessou o crime foi condenado a quase 20 anos de prisão. Já seus comparsas, que negaram participação no assassinato foram assim sentenciados: o ex-cabo Célio Alves pegou pena de 17 anos; o ex-vigia Fernando Barbosa Belo, que pilotava a motocicleta para Hércules, foi condenado a 13 anos de prisão e João Leite, amigo de Célio e Hércules e que teria intermediado o assassinato de Sávio, recebeu condenação de 16 anos, no ano passado. Antes da condenação, Belo, que alega inocência, havia fugido para a Itália, onde foi capturado. Célio Alves escapou da prisão no ano passado e vive solto hoje.

Durante as investigações, o delegado Luciano Inácio, responsável pelo inquérito, achou o recibo de R$ 37 mil com um dos envolvidos. O valor seria parte do pagamento pela morte do empresário. O relatório final do inquérito indica Arcanjo como mandante.

No dia 20 de outubro de 2002, quando Arcanjo prestou depoimento, ele foi à delegacia cercado por seus seguranças. Ali ainda prevalecia a imponência do bicheiro. Ele fora interrogado por um promotor de Justiça e um delegado. Numa sala ao lado à audiência ficaram em pé dois de seus seguranças. E armados com revólveres. Arcanjo saiu da sala sorrindo e desconversou ao ser questionado pela imprensa sobre o teor do depoimento. Vinte e cinco dias depois, a Justiça Federal decretou a prisão do bicheiro. Contudo, ele conseguiu escapar e só foi capturado em abril do ano seguinte, em Montevidéu, capital do Uruguai.





Fonte: Do MidiaNews

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