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Depressão atinge berço da soja no Mato Grosso
Os melhores dias do agricultor Ricardo Tomczyk costumavam ser vividos durante o período de colheita, quando toda a família festejava a chegada de uma nova safra. Mas nesta temporada ele confessa estar vivendo momentos de aflição, devido aos elevados custos de produção que vêm superando a receita prevista, após dois anos agrícolas consecutivos de desvalorização do dólar impactando negativamente o primeiro elo da cadeia exportadora.
"Hoje vou para a fazenda e fico deprimido, calculando quantos litros de diesel vou gastar", afirmou o sojicultor de Rondonópolis, no sul de Mato Grosso, região que produz pelo menos 30 por cento da soja do Estado, o principal produtor brasileiro.
Embora esse aumento de custos de produção, baseado principalmente na alta do frete rodoviário, seja sentido em todo o setor produtivo, Tomczyk considera que a situação é mais grave em Mato Grosso, Estado distante dos portos exportadores.
Em Rondonópolis, a 1.500 km do Porto de Paranaguá (PR), as lamentações são mais recorrentes porque o município, um dos pioneiros na expansão agrícola no Estado, foi um dos primeiros a usufruir da riqueza gerada pela soja em Mato Grosso. Os grandes produtores locais, entre os maiores do Estado, atravessam crise sem precedentes, carregando ainda dívidas da safra passada.
Há dois anos, quando a sojicultura ainda era viável, segundo Tomczyk, o custo de transporte do produto de Nova Mutum, localizada no Médio-Norte do Estado, até Paranaguá, era de 60 dólares por tonelada. "Hoje paga-se 90 dólares por tonelada", estimou ele, que é diretor administrativo da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso) e coordenador da Comissão de Agricultura do Sindicato Rural de Rondonópolis.
"Antes o óleo diesel custava 35 centavos de dólar, hoje custa um dólar... A alta (30 dólares a mais no frete) representa quase dez sacas (de 60 kg) de soja por hectare."
E não é só a elevação dos custos do frete que preocupa Tomczyk. Outro problema deste ano é agressividade da ferrugem asiática.
"Choveu demais e muitos fungicidas não estão tão eficientes, talvez por mutações do fungo ou pela maior presença de inóculos", acrescentou, salientando que a média de aplicações para combater a doença, que era de duas em 2003/04, subiu para 3,5 em 2005/06 --cada aplicação custa 17 dólares por hectare, disse ele.
"O pessoal apostava em apenas duas, mas em alguns lugares foi preciso fazer quatro, cinco aplicações", disse, lembrando que os custos para combater o fungo saltaram, em dois anos, de 35 dólares para 60 dólares por hectare, em média no Estado.
Somando o aumento do custo do transporte ao da ferrugem (estimado em mais oito sacas por hectare em Mato Grosso), temos um acréscimo de 18 sacas por hectare", disse.
Considerando ainda os gastos com o óleo diesel dentro da propriedade e a elevação dos preços dos fertilizantes, Tomczyk estima em 26 sacas por hectare apenas o aumento de custos em um período de dois anos.
"Nos anos normais, gastávamos 35 sacas para produzir 50, restavam de 10 a 15 sacas para o produtor, e foi isso que viabilizou a soja no Mato Grosso, apesar dos problemas logísticos. Agora estamos trabalhando com prejuízo."
Por conta da crise, Tomczyk, que plantou soja em uma área de 5,5 mil hectares, não fará a safrinha de milho e sorgo este ano. "E pelas reuniões com os produtores, terminada a safra, o encaminhamento será encostar as máquinas e demitir."
DÍVIDAS
Tomczyk avaliou que a produção mato-grossense deverá ser semelhante à registrada na temporada passada, ficando entre 16 e 17 milhões de toneladas, mas apenas porque o "produtor acreditou" que nesta safra poderia melhorar as margens, esperando uma valorização do dólar frente ao real.
"O erro foi acreditar. Se tivéssemos diminuído a área em 50 por cento nesta safra, já teria acendido a luz amarela no governo. Hoje, a luz verde ainda está acesa, mas às custas do produtor."
Para o ano que vem, disse ele, a tendência é que a área com soja seja reduzida, pois a dívida do setor deve aumentar ainda mais com os prejuízos registrados na atual temporada. "Ano passado, não houve faturamento para pagar a conta... O que não contávamos é que esta colheita também fosse nos deixar no prejuízo. Agora temos quase duas contas para pagar", acrescentou, ressaltando que o plantio em 2006/07 dependerá muito das medidas governamentais que forem tomadas.
"É o fornecedor de crédito e de insumos que vai decidir sobre a próxima safra. Precisamos reestruturar toda a dívida, só aumentar o prazo, como fez o governo este ano, não adianta. Seria mais inteligente um alongamento das dívidas de investimentos".
"Hoje vou para a fazenda e fico deprimido, calculando quantos litros de diesel vou gastar", afirmou o sojicultor de Rondonópolis, no sul de Mato Grosso, região que produz pelo menos 30 por cento da soja do Estado, o principal produtor brasileiro.
Embora esse aumento de custos de produção, baseado principalmente na alta do frete rodoviário, seja sentido em todo o setor produtivo, Tomczyk considera que a situação é mais grave em Mato Grosso, Estado distante dos portos exportadores.
Em Rondonópolis, a 1.500 km do Porto de Paranaguá (PR), as lamentações são mais recorrentes porque o município, um dos pioneiros na expansão agrícola no Estado, foi um dos primeiros a usufruir da riqueza gerada pela soja em Mato Grosso. Os grandes produtores locais, entre os maiores do Estado, atravessam crise sem precedentes, carregando ainda dívidas da safra passada.
Há dois anos, quando a sojicultura ainda era viável, segundo Tomczyk, o custo de transporte do produto de Nova Mutum, localizada no Médio-Norte do Estado, até Paranaguá, era de 60 dólares por tonelada. "Hoje paga-se 90 dólares por tonelada", estimou ele, que é diretor administrativo da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso) e coordenador da Comissão de Agricultura do Sindicato Rural de Rondonópolis.
"Antes o óleo diesel custava 35 centavos de dólar, hoje custa um dólar... A alta (30 dólares a mais no frete) representa quase dez sacas (de 60 kg) de soja por hectare."
E não é só a elevação dos custos do frete que preocupa Tomczyk. Outro problema deste ano é agressividade da ferrugem asiática.
"Choveu demais e muitos fungicidas não estão tão eficientes, talvez por mutações do fungo ou pela maior presença de inóculos", acrescentou, salientando que a média de aplicações para combater a doença, que era de duas em 2003/04, subiu para 3,5 em 2005/06 --cada aplicação custa 17 dólares por hectare, disse ele.
"O pessoal apostava em apenas duas, mas em alguns lugares foi preciso fazer quatro, cinco aplicações", disse, lembrando que os custos para combater o fungo saltaram, em dois anos, de 35 dólares para 60 dólares por hectare, em média no Estado.
Somando o aumento do custo do transporte ao da ferrugem (estimado em mais oito sacas por hectare em Mato Grosso), temos um acréscimo de 18 sacas por hectare", disse.
Considerando ainda os gastos com o óleo diesel dentro da propriedade e a elevação dos preços dos fertilizantes, Tomczyk estima em 26 sacas por hectare apenas o aumento de custos em um período de dois anos.
"Nos anos normais, gastávamos 35 sacas para produzir 50, restavam de 10 a 15 sacas para o produtor, e foi isso que viabilizou a soja no Mato Grosso, apesar dos problemas logísticos. Agora estamos trabalhando com prejuízo."
Por conta da crise, Tomczyk, que plantou soja em uma área de 5,5 mil hectares, não fará a safrinha de milho e sorgo este ano. "E pelas reuniões com os produtores, terminada a safra, o encaminhamento será encostar as máquinas e demitir."
DÍVIDAS
Tomczyk avaliou que a produção mato-grossense deverá ser semelhante à registrada na temporada passada, ficando entre 16 e 17 milhões de toneladas, mas apenas porque o "produtor acreditou" que nesta safra poderia melhorar as margens, esperando uma valorização do dólar frente ao real.
"O erro foi acreditar. Se tivéssemos diminuído a área em 50 por cento nesta safra, já teria acendido a luz amarela no governo. Hoje, a luz verde ainda está acesa, mas às custas do produtor."
Para o ano que vem, disse ele, a tendência é que a área com soja seja reduzida, pois a dívida do setor deve aumentar ainda mais com os prejuízos registrados na atual temporada. "Ano passado, não houve faturamento para pagar a conta... O que não contávamos é que esta colheita também fosse nos deixar no prejuízo. Agora temos quase duas contas para pagar", acrescentou, ressaltando que o plantio em 2006/07 dependerá muito das medidas governamentais que forem tomadas.
"É o fornecedor de crédito e de insumos que vai decidir sobre a próxima safra. Precisamos reestruturar toda a dívida, só aumentar o prazo, como fez o governo este ano, não adianta. Seria mais inteligente um alongamento das dívidas de investimentos".
Fonte:
24HorasNews
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/311371/visualizar/
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