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Economia
Segunda - 20 de Março de 2006 às 06:23
Por: Marcondes Maciel

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O ex-ministro da Agricultura e presidente da Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes, afirma que não vê ações concretas do governo Federal para socorrer a agricultura. “O agronegócio passa por um momento de perigo e caminha para o caos. É preciso fazer algo imediatamente antes que ocorra o pior”, alerta.

Pratini, que esteve esta semana em Cuiabá para participar de um seminário sobre o mercado futuro de boi gordo, espera que a nação tome consciência do grave problema que é, “não apoiar a agricultura brasileira. Isso provocará a estagnação do setor a curto prazo”.

Segundo ele, o agronegócio é o setor mais prejudicado pela sobrevalorização do real. “Isto já se faz sentir pelos números da renda do setor, que caíram acentuadamente nas últimas safras, colocando em risco a atividade”.

Na avaliação do presidente da Abiec, as conseqüências desses desajustes são “menos investimentos, menos área plantada, menos empregos, menos produção e, num futuro próximo, menos exportação. Seria o caos para a economia brasileira, pois o agronegócio é o termômetro do nosso crescimento. Se o setor vai mal, todos os setores da economia sofrem as conseqüências e, quem paga, é a nação”.

Segundo ele, todo o agronegócio está sendo penalizado pela desvalorização do dólar.

“As nossas exportações tendem a crescer menos, enquanto o produtor é obrigado a conviver com dívidas astronômicas e entregar sua produção por preços que não chegam a cobrir os custos. A agricultura está no fundo do poço”.

No caso da pecuária, a situação não é diferente. “Mato Grosso expandiu o seu rebanho bovino e não aumentou a sua capacidade de abate. Há poucos frigoríficos para atender à região e com isso, os pecuaristas acabam se enfraquecendo no mercado”.

Outra coisa que preocupa o ex-ministro da Agricultura é o grande abate de fêmeas no Estado. “Estão matando vacas bem acima da média para conter a expansão do rebanho e ter chances de continuar na atividade”, lembra Pratini.

O rebanho atual de Mato Grosso é de 26,84 milhões de animais, porém a taxa de desfrute já chega a 20% (cerca de 5 milhões de reses). Os frigoríficos da região, contudo, só conseguem abater 4 milhões de cabeças por ano.

“Com isso, há um excedente de 1 milhão de animais por ano, provocando uma crise de oferta que está corroendo a renda e descapitalizando o produtor”.

Ele aponta que as saídas podem estar na ampliação do número de frigoríficos no Estado e na habilitação de novas áreas de exportação para a União Européia (UE).

Atualmente 50% dos municípios de Mato Grosso, que concentram mais de 13 milhões de cabeças, não estão credenciados a exportar carne para aquele mercado.

“Precisamos liberar as exportações para o restante do Estado, mas para isso precisamos convencer os europeus de que as nossas ações na área sanitária são eficientes”, destaca.





Fonte: Diário de Cuiabá

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