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Internacional
Sábado - 18 de Março de 2006 às 12:50

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Belarus vive hoje um dia de reflexão sobre as eleições presidenciais em meio às dúvidas dos observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) sobre a legitimidade do pleito.

"A campanha não foi democrática. O presidente Alexander Lukashenko teve o monopólio absoluto de acesso aos meios de comunicação. Além disso, houve detenções de partidários da oposição", disse à EFE o observador espanhol Jesús López-Medel.

As ameaças da KGB bielo-russo de "esmagar contra o asfalto" quem expressar seu descontentamento "demonstra que o regime tem medo da liberdade, uma disciplina pendente na Belarus", disse.

"Quando os membros da oposição são detidos e acusado de terrorismo, é um mal sinal para a votação", disse à EFE a islandesa Urdur Gunnarsdottir, porta-voz da delegação da OSCE, único organismo ocidental cuja presença no pleito foi permitida pelo regime de Lukashenko.

O observador espanhol, do Partido Popular, disse que "Belarus é um país que diz ser livre, mas o Governo se comporta de forma despótica. Assim é muito difícil que a votação seja transparente".

"Um desenvolvimento eleitoral democrático não será possível nestas condições", disse López-Medel, que supervisionou eleições em vários países ex-soviéticos e que considerou "democraticamente nulo" o plebiscito bielo-russo de 2004 que garantiu a possibilidade de Lukashenko se candidatar a um terceiro mandato.

O observador acrescentou que "a comunidade internacional não se mobilizou o suficiente no plebiscito de 2004. Agora, por outro lado, o Ocidente e outros países estão mais conscientes da gravidade da falta de liberdade na Belarus".

Lukashenko, no poder desde 1994 e declarado pelos Estados Unidos o "último ditador da Europa", ameaçou ontem reprimir duramente qualquer tentativa de fazer uma "revolução de veludo" no país ou de protestar contra a fraude.

Seu principal adversário na oposição, Alexander Milinkievich, visto no Ocidente como a alternativa democrática, disse à EFE que seus partidários podem tomar as ruas caso o regime fraude as eleições.

Lukashenko, a quem a oposição acusa, por antecipação, de tramar a fraude, aparece como o favorito indiscutível no pleito com quatro concorrentes, dois governistas e dois opositores.

De acordo com as pesquisas, Lukashenko parte com 75% das intenções de voto, enquanto a oposição tem esperança de disputar um segundo turno se o regime não se atrever a dar a vitória ao presidente já neste domingo.

A oposição ignorou as ameaças da KGB de que acusará de terrorismo e punirá até com pena de morte quem tentar "desestabilizar o país" na noite eleitoral.

A oposição afirma que milhares de pessoas, na maioria jovens, irão à praça da Liberdade de Minsk às 20h (hora local) de amanhã para "defender a vontade popular".

A televisão e a imprensa oficiais repetiram nos últimos dias supostas tramas de revoluções violentas financiadas pelo Ocidente e seus novos aliados ex-soviéticos.

Amanhã, Minsk, onde vive um quinto dos quase 10 milhões de habitantes do país, pode ser cenário de confrontos entre as forças de segurança e a oposição. Hoje, o Governo e a oposição disputarão o voto da juventude com shows de rock gratuitos.

"Lukashenko é um pequeno ditador e estrangula os empresários com impostos, o que espanta os investimentos externos, mas não há alternativa possível", disse à EFE Serguei, taxista de 40 anos.

Belarus, ou "Rússia Branca", realiza amanhã sua terceira eleição presidencial desde a independência em 1991.

Mais de 7 milhões de eleitores foram convocados para votar nos 6.585 colégios eleitorais do país, ponte geográfica entre a União Européia e a Rússia.




Fonte: EFE

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