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Internacional
Sábado - 18 de Março de 2006 às 12:25

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Três anos após a invasão que acabou com a ditadura de Saddam Hussein, a incerteza e o temor caracterizam a vida cotidiana dos iraquianos, marcada pela insegurança e pela falta de serviços básicos.

Apesar de terem à disposição agora muitos jornais para ler e mais redes de TV para assistir do que antes, os iraquianos lembram com frustração as promessas feitas pelos "libertadores" de tornar o país um modelo de democracia e prosperidade para o resto das nações árabes do Oriente Médio.

As explosões, o barulho das ambulâncias, dos aviões militares e dos tanques são ouvidos diariamente em várias cidades do país, especialmente em Bagdá, onde a criminalidade e a violência política dispararam.

Nesta situação, as famílias pensam duas vezes todos os dias antes de mandarem seus filhos à escola, e as mulheres preferem fazer as compras necessárias por temer que seus maridos sejam assassinados se saírem às ruas.

"Esperávamos que os EUA nos trouxessem calma e prosperidade, mas três anos depois só vimos ataques e carências nos serviços públicos", disse à EFE Nasser Hassan, proprietário de uma loja de venda de roupa.

Ele se queixa de que teve que contratar um funcionário para trabalhar em sua loja, evitando saídas diárias de casa.

Mais de 30.000 iraquianos, tanto civis como militares, morreram desde 20 de março de 2003 nos atentados que sacodem o país quase diariamente.

São freqüentes os anúncios pagos nos jornais sob o título de "Desaparecido", com a foto de um ser querido supostamente seqüestrado ou assassinado, e as aglomerações em frente aos depósitos de corpos e dos hospitais para procurar um parente que "saiu e não voltou".

Sara, uma viúva de aproximadamente 30 anos e mãe de três filhos, diz que seu marido foi assassinado, supostamente, por um grupo xiita, quando saía de uma mesquita sunita na capital, e que sua família a obrigou a sair de casa para morar na de seu pai devido ao medo de ataques.

Abdelrasul Ali, um mecânico xiita de 37 anos, lamenta a perda de dois membros de sua família durante o regime de Saddam "só por serem xiitas", e agora sente que, pela mesma razão, está "no ponto de mira dos terroristas, com seus carros-bomba e suas operações suicidas".

Quem mais teme ser assassinado são os funcionários do novo Governo, os cientistas e os acadêmicos. Segundo Issam al-Rawi, presidente da Liga de Professores Universitários, pelo menos 185 acadêmicos morreram nos últimos três anos.

"O cidadão iraquiano vive em uma situação trágica e obscura. Eu, por exemplo, não trabalho porque sei de que se sair de casa talvez não volte", disse Abdel Karim Maaruf, professor de Ciências da Universidade de Bagdá.

Uma postura parecida é a de Mazen Abd, formado em Economia e Ciências Políticas. "Estive a ponto de morrer duas vezes, uma na explosão de um carro-bomba há dois anos e outra este ano em um tiroteio quando estava esperando em um posto de gasolina de Bagdá", lembra.

Os contínuos cortes de fornecimento água potável, eletricidade e gás de uso doméstico, e a falta de gasolina em um país que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo também dificultam a vida dos iraquianos.

"Minha família teve que voltar a usar os antigos fogões de querosene para cozinhar, depois de desaparecerem os bujões de gás doméstico", diz Hussein Fadel, taxista que passa diariamente horas nas longas filas dos postos de gasolina de Bagdá.

Segundo Assem Jihad, porta-voz do Ministério do Petróleo, o Governo iraquiano teve que importar gasolina e gás para uso doméstico devido aos constantes ataques contra as instalações petrolíferas, repetidos também contras as unidades de tratamento de água e as centrais de energia elétrica.

Os cortes de luz na capital duram 11 horas todos os dias, enquanto os habitantes de outras cidades, especialmente na província rebelde de Al Anbar, vivem 16 horas diárias sem eletricidade.

Analistas do setor elétrico afirmam que a produção atual é de aproximadamente 4.000 megawatts, ou seja, 750 megawatts a menos do que o Iraque produzia até março de 2003.





Fonte: EFE

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