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Internacional
Sexta - 17 de Março de 2006 às 18:50

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A imagem histórica do presidente americano George W. Bush - "Paladino da Justiça" ou "Pistoleiro Perigoso" - está sendo decidida provavelmente neste momento no Iraque, três anos depois de os Estados Unidos invadirem esse país árabe. Se o Iraque mergulhar numa guerra civil, o lugar de Bush na galeria de presidentes americanos não será junto de Franklin Roosevelt - venerado como o vencedor da Alemanha nazista e do Japão imperial - mas de Lyndon Johnson, associado ao desastre do Vietnã.

Ultimamente, Bush reconheceu a gravidade da situação no Iraque, dizendo que chegou a "hora da decisão" para os iraquianos. O presidente americano, no entanto, descartou a possibilidade de uma guerra civil no país. Mesmo que estas previsões estiverem corretas, será preciso esperar o final de seu mandato para julgá-lo, apesar da crescente desaprovação a seu governo gerada nos Estados Unidos pelos primeiros bombardeios sobre Bagdá no dia 20 de março de 2003, acreditam os especialistas.

A guerra do Iraque será o ponto central dos dois mandatos de Bush. "Não há qualquer dúvida, é uma questão que predomina nas discussões", disse o especialista Stephen Hess. "Bush não escolheu o furacão Katrina, mas a guerra no Iraque. Pode-se dizer que é sua criação", acrescentou.

Bush será julgado pelo êxito ou fracasso de sua operação "liberdade iraquiana", disse por sua vez o especialista David Corbin. "Tanto os que estão a favor como os que estão contra ele querem que seja assim", explicou.

"A guerra determina praticamente tudo que o governo faz", disse recentemente Mark McKinnon, próximo do presidente, ao jornal USA Today. "Somos um país em guerra", repete Bush o tempo todo.

A guerra afeta muito sua popularidade, e os republicanos - que são maioria no Congresso - temem que também determine sua sorte nas legislativas de novembro próximo. A aprovação da opinião pública americana ao presidente caiu ao mesmo tempo em que caía a aprovação à guerra.

Bush nunca havia sido tão impopular como agora, segundo uma pesquisa do Gallup: apenas 36% dos americanos aprovam seu desempenho, enquanto que 60% o reprovam. A mesma proporção pensa que as coisas vão "bastante mal" ou "muito mal" no Iraque. Além disso, mais da metade dos americanos pensa que o governo mentiu ao dizer que o Iraque tinha armas de destruição em massa para justificar a guerra, segundo a pesquisa.

Oficialmente, o Pentágono diz que a guerra do Iraque provocou 2,3 mil soldados americanos mortos. O custo é de centenas de milhares de milhões de dólares. Para os críticos de Bush, a invasão destruiu a imagem dos Estados Unidos no Oriente Médio, levou os muçulmanos a ficarem contra os Estados Unidos e reforçou o Irã.

Bush assegura que a "democracia" avança no Iraque e na região, e continua defendendo sua "estratégia para a vitória". No entanto, recentemente o presidente americano mudou um pouco o tom e reconheceu certas dificuldades, embora sempre minimizando-as. Mais da metade dos americanos quer o começo da retirada do Iraque. Nas hostes neoconservadoras já se pensa nas próximas eleições. Comenta-se que os iraquianos devem cuidar de seus problemas sozinhos agora que foram "libertados".

No momento em que os especialistas políticos consideram que as preocupações econômicas e locais começarão a ganhar terreno, o Gallup concluiu que 61% dos eleitores pensam que o tema Iraque será um critério muito importante ou o mais importante para decidir o que votar nas eleições. Três quartos dos americanos acreditam que o Iraque vai mergulhar numa guerra civil. Eles parecem ter a mesma opinião do embaixador americano em Bagdá, Zalmay Khalilzad, que na semana passada disse: "Abrimos a caixa de Pandora".

Já dizia Lyndon Johnson: "Se afundarmos no Vietnã, amanhã teremos que lutar no Hawai, e na próxima semana em San Francisco".





Fonte: AFP

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