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Sexta - 17 de Março de 2006 às 10:57
Por: Raquel Barroso

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Em 2005 Mato Grosso atraiu grandes investimentos agroindustriais que possibilitaram seu ingresso definitivo no chamado "segundo ciclo de industrialização". Na entrevista desta semana, o secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Alexandre Furlan, aponta as principais estratégias do Estado para atração de novos investimentos e o que precisa ser feito para que Mato Grosso desenvolva sua economia. Além disto, Furlan faz sua análise sobre os números expressivos do comércio exterior. Alexandre Herculano Coelho de Souza Furlan assumiu a secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) em janeiro de 2003. É natural de Concórdia (SC) e foi convidado pelo governador Blairo Maggi para assumir a Sicme após ter feito um excelente trabalho como presidente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), onde exerceu o primeiro mandato entre 2000 e 2003 e se licenciou do segundo mandato que se encerra neste ano.

Nesta semana, o secretário da Sicme acompanhou o governador Blairo Maggi numa viagem a Bolívia para tratar sobre questões referentes à importação do gás natural boliviano. Nesse sentido, Furlan aproveita a oportunidade para comentar quais medidas estão sendo adotadas pelo Governo para o desenvolvimento do setor energético mato-grossense.

Secom: Secretário, em 2005 MT atraiu os maiores investimentos agroindustriais do país. Qual tem sido a estratégia do Governo do Estado para o desenvolvimento do setor industrial mato-grossense?

Alexandre Furlan: Acredito que nosso foco continua sendo a atração de investimentos que possibilitem o ingresso definitivo de Mato Grosso no chamado segundo ciclo de industrialização. Este ano se iniciou de forma preocupante. Os problemas da agricultura trouxeram reflexos em todas as atividades econômicas da cadeia, além disto, sob o ponto de vista da macroeconomia, estamos com o câmbio extremamente desfavorável, com juros muito altos, o que fez com que percamos competitividade nas nossas exportações. Mas, apesar das dificuldades, continuaremos trabalhando para dotarmos Mato Grosso com um Parque Industrial de comércio e de serviços cada vez melhor.

No sentido de atrair novos investimentos, o Governo está fazendo novos contatos para a instalação de novas indústrias no Estado?

Os contatos para a atração de novos investimentos na verdade nunca se encerram. Eles não têm data marcada para acontecer. Na verdade assim como nós somos procurados, por industriais do Brasil e do exterior, estamos também tomando o cuidado de procurar aquilo que entendemos que é interessante para o Estado. Desta forma, os contatos são permanentes, e acreditamos que na medida em que as incertezas econômicas do Brasil, principalmente neste ano de eleições, vão se dissipando nós conseguiremos consolidar mais investimentos para Mato Grosso.

Já há indícios de novos investimentos para Mato Grosso?

Na verdade nós temos como certos o início desses investimentos que já foram acertados no decorrer do ano de 2005. Temos a Rexam (indústria que fabrica latas de alumínio) começando a construção. A Nortox terminando a construção. A Santana Têxtil no meio da construção. A Sadia iniciando a construção dos empreendimentos. A Itap-bemis (antiga Dixtoga) iniciando a operação. Projetos de médio e grande portes têm prazos de maturação longos. Podem iniciar num ano e demorar 3 ou 4 anos para iniciar a operação. O processo de instalação de novas indústrias é dinâmico O importante é que Mato Grosso tenha todo ano indústrias iniciando o funcionamento, outras começando a construção e outras investindo em ampliações e expansões.

Em sua opinião, o que precisa ser feito para que o Estado desenvolva sua economia? A diversificação da produção e a agregação de valor à produção primária são a solução?

Não há dúvida que essa é a solução. Além disso, precisa haver a melhoria do comércio e dos serviços, além do incremento do turismo como grande facilitador da geração de emprego e de renda. Desta forma, com esse conjunto de fatores e de variáveis de esforços, a economia mato-grossense tem condições de ser dinamizada como um todo. Como gestor da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia entendemos que toda e qualquer atividade econômica é de nosso interesse e portanto temos que dar todo apoio e incentivo para que ela se desenvolva.

Atualmente o artesanato mato-grossense está cada vez ganhando mais espaço nos projetos do governo. O que tem sido feito por este setor?

O artesanato é um exemplo de atividade econômica que estamos trabalhando para que seja inserido definitivamente como segmento de grande importância em nossa economia, voltado para micros e pequenos empreendimentos.

No ano passado, a Sicme recebeu a incumbência de administrar o Programa Estadual de Artesanato porém, não existia orçamento para este setor. Desta forma, a solução encontrada foi fazer um mapeamento efetivo do potencial artesanal de Mato Grosso, recadastrando os artesãos para que a partir deste ano possamos desenvolver ações voltadas às necessidades do setor.

Paralelamente ao diagnóstico, participamos ativamente das atividades desenvolvidas pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) com o objetivo de definir as estratégias do artesanato em nível nacional. Acreditamos que neste ano o artesanato terá mais condições de se desenvolver, se tornando mais profissional, com características de negócio e com condições de ser exportado.

Mesmo com a crise do agronegócio Mato Grosso continua registrando aumento nas exportações. Qual é a sua análise sobre esses números expressivos de nosso comércio exterior? E para o futuro, há expectativa de manutenção desses resultados?

Nossas exportações continuam aumentando porque nossos volumes estão cada vez maiores. O volume em tonelada, principalmente do complexo soja, tem aumentado ano a ano. Agora se nós formos ver o quanto exportamos em Real, na conversão do câmbio, nós veremos que não estamos ganhando tanto assim. O que nós precisamos daqui pra frente é efetivamente consolidar Mato Grosso como um Estado exportador de produtos com maior valor agregado.

Este ano a carne bovina pode ganhar destaque com incremento significativo nas exportações, pois Mato Grosso já tem vários frigoríficos habilitados para exportar para o Mercado Comum Europeu e em decorrência das dificuldades que estamos tento por causa da crise aviária. Porém acredito que as questões de exportações são puramente de mercado. Nós já temos mercado para nossos produtos. O que precisamos é que o câmbio retome uma trajetória de melhoria, em relação a supervalorização que o Real está tendo, e que ocorra a queda dos juros para que tenhamos capital em investimento e não capital especulativo financeiro, porque acredito que isso redunda no incremento da nossa capacidade produtiva em vez de uma melhoria no nosso potencial exportador.

Nesta semana o sr. acompanhou o governador Blairo Maggi numa viagem a Bolívia para tratar sobre questões referentes à importação do gás natural boliviano. Nesse sentido, quais medidas estão sendo adotadas pelo Governo para o desenvolvimento do setor energético mato-grossense?

Todos nós conhecemos o grande potencial energético que Mato Grosso tem. O potencial das Usinas Hidrelétricas, o potencial na área de Biomassa. O que temos feito é um mapeamento e acompanhamento de todas as usinas que estão sendo construídas. Além disto, estamos aplicando no Estado o Programa Luz para Todos, que é do Governo Federal, da forma mais transparente e mais clara possível. Obviamente nós somos demandados, em relação a esse Programa por todos os municípios de Mato Grosso, mas existe um cronograma de obras, que depende da concessionária Cemat, que não tem condições de efetuar obras nos quatro rincões do Estado ao mesmo tempo. Mas somente no ano passado, atendemos a 17.566 domicílios rurais e para este ano a meta é de atingir quase nove mil domicílios.

Sobre o gás natural estamos implementando o abastecimento veicular através da MT Gás, que é uma entidade vinculada à Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia. Nesse sentido estamos procurando licitar o City Gate e os dutos para que possamos levar o gás até o Distrito Industrial de Cuiabá, para o atendimento das indústrias. O que precisamos nesse momento é ter uma definição mais clara da Bolívia, com relação a preços do gás. Para isto precisamos garantir um contrato maior com a indústria de gás boliviana, que possibilite pelo menos 500 mil m³, daqui a seis meses. Com uma reserva maior de gás os grandes beneficiados serão os distritos industriais de Cuiabá e Várzea Grande.





Fonte: Assessoria/Sicme-MT

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