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Cidades/Geral
Sexta - 17 de Março de 2006 às 08:12
Por: Natacha Wogel

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João Arcanjo Ribeiro vai prestar hoje na Justiça Federal seu primeiro depoimento desde que foi extraditado do Uruguai, no sábado passado. O bicheiro será interrogado pelo juiz da 1ª Vara Federal, Julier Sebastião da Silva, no processo em que é acusado de crimes contra o sistema financeiro através do envio ilegal de dinheiro à Suíça, aberto em maio de 2003.

No mesmo processo de remessa de divisas à Suíça e lavagem de dinheiro, mais duas pessoas já foram condenadas pela Justiça Federal, o contador do grupo de Arcanjo, Luiz Alberto Dondo Gonçalves, e o delegado civil aposentado e amigo do bicheiro, Alair Fernando das Neves. O contador ainda cumpre pena no presídio Pascoal Ramos e o delegado, que conseguiu progressão de pena depois de ter cumprido aproximadamente dois anos de cadeia, está livre.

A investigação sobre evasão de divisas à Suíça, que ocasionou a denúncia do procurador da República por Mato Grosso na época, Pedro Taques, foi conduzida pela Polícia Federal. O delegado Marcelo Rezende Vieira, responsável pelo inquérito, baseou-se nas informações repassadas pelo Ministério Público da Suíça que investigava o envolvimento de várias pessoas em um esquema de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de dólares ao país. Os nomes dos três acusados foram divulgados pelo órgão à Interpol no Brasil.

Apesar da Justiça Federal não ter confirmado a realização do interrogatório programado para hoje, conforme informação divulgada pelo site do órgão, as polícias Militar e Federal preparam um forte esquema de segurança para o translado de Arcanjo desde o Pascoal Ramos, bem como sua permanência dentro do prédio.

O depoimento deve acontecer na sala de audiência da 1ª vara e, mesmo sendo um ato público, a presença de outras pessoas, além daquelas intimadas, pode ser impedida caso o réu não se sinta a vontade em falar diante de um grande público.

Na Justiça Federal, mais uma audiência com João Arcanjo está agendada, para o dia 23, quinta-feira, em que foi arrolado como testemunha de defesa. A oitiva também deve ocorrer na sede do órgão, sob responsabilidade do juiz Julier. Nos dois casos, o magistrado não está suspenso de participação, como em outros três processos para os quais a defesa do bicheiro pediu sua suspeição, acatada provisoriamente pelo Tribunal Regional Federal em Brasília.

Na Justiça estadual, Arcanjo tem duas audiência marcadas na 12ª Vara Criminal de Cuiabá, sob o julgamento da juíza Maria Aparecida Ferreira Fago. A primeira, agendada para a segunda-feira, é um novo interrogatório sobre o crime de assassinato do empresário Sávio Brandão, em que o bicheiro é acusado de mandante. Para o dia 24, a juíza marcou a audiência de inquirição das testemunhas de acusação. Foram arrolados pelo Ministério Público o delegado civil Luciano Ignácio da Silva e o ex-funcionário do jornal Folha do Estado, de propriedade de Sávio Brandão, Círo Braga Neto. A assistente de acusação no caso, a mãe do empresário, Josefina Paes de Barros, também foi intimada para comparecer às audiências.

Pela Polícia Federal, onde nove inquéritos sobre lavagem de dinheiro contra Arcanjo e seu grupo estão abertos, nenhuma oitiva do bicheiro foi marcada até agora, o que deve acontecer apenas na segunda-feira, segundo um dos responsáveis pelos casos, o delegado Marcelo Vieira.





Fonte: Diário de Cuiabá

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