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Economia
Sexta - 17 de Março de 2006 às 06:17

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A diretoria do Banco Central (BC) não sabe até que ponto a queda dos juros ocorrida nos últimos meses pode ou não abrir espaço para uma alta da inflação. Na dúvida, o BC optou por não acelerar o ritmo dos cortes da taxa Selic, para não correr o risco de um aumento inesperado nos preços.

A explicação está na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), que, na semana passada, reduziu a Selic em 0,75 ponto percentual. Havia pressões, até no governo, para que o corte fosse de um ponto. Mas o documento divulgado ontem não dá sinais de que o BC vá abandonar o gradualismo.

O corte dos juros decidido pelo Copom chamou a atenção pela falta de consenso entre os próprios diretores do BC: dos nove membros do comitê, três votaram pela queda de um ponto.

A meta para a inflação deste ano foi fixada em 4,5%, admitindo um desvio de até dois pontos percentuais. Analistas estimam que a alta dos preços deve ficar bem próxima disso, entre 4,5% e 4,6%.

Desde setembro, o BC tem promovido reduções graduais no juro, mas a divisão vista na semana passada fez crescer a expectativa de que a Selic possa cair com mais rapidez a partir da próxima reunião do Copom, no mês que vem. O documento de ontem, porém, esfriou um pouco os ânimos.

Em vez de indicações de quedas mais acentuadas nos juros, o texto busca mostrar que mesmo os diretores que defenderam uma queda maior da taxa estão, sim, preocupados com a inflação.

“Esses mesmos membros do comitê, ainda que tenham votado por um corte mais acentuado da taxa neste momento, reconhecem que os próximos passos do BC estarão condicionados à evolução dos indicadores de inflação e a suas projeções”, diz a ata.

Segundo o documento, os diretores que votaram por uma posição mais conservadora o fizeram devido às “incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da política monetária, particularmente no tocante às defasagens e magnitudes do impacto de alterações da Selic sobre a inflação”.

Por “mecanismos de transmissão”, entende-se a maneira pela qual uma mudança na política monetária é transmitida para a economia. Vários canais cumprem esse papel, e um dos mais conhecidos é a própria taxa de juros: uma alteração na Selic muda também as demais taxas, o que afeta o custo das transações financeiras efetuadas no mercado.

Como a taxa Selic já havia sido reduzida de 19,75% ao ano para 17,25% entre setembro de 2005 e janeiro passado, diretores do BC argumentam que ainda não é possível saber, com clareza, qual o resultado prático dessa variação.

A recente expansão do crédito, por exemplo, pode afetar a dinâmica desses canais: em tese, quando os empréstimos têm um peso maior no orçamento das empresas e no bolso das pessoas, uma mudança nos juros é sentida mais rapidamente pela economia do que num país em que o volume de crédito não é relevante.





Fonte: Da Folhapress

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