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Internacional
Quinta - 16 de Março de 2006 às 19:55

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O bispo Jacques Perrier, do santuário de Lourdes, na França, negou nesta quinta-feira que vá começar a distribuir certificados de curas realizadas pela fé com uma nova categoria de "submilagres".

O bispo havia dito que o santuário analisava a possibilidade de criar uma nova categoria de curas, já que a medicina moderna não classifica mais nenhuma doença como incurável, uma exigência essencial para que a cura possa ser considerada milagrosa.

A nova categoria de "testemunho crível", apelidada de "milagre light" por aqueles que não acreditam nessas curas, vai exigir mesmo assim a certificação médica de que houve uma recuperação súbita e inexplicável de uma doença grave.

Segundo o bispo, o santuário deve reconhecer poucas curas por ano. O templo foi erguido no local da suposta aparição da Virgem Maria em 1858, e já recebeu milhares de alegações de curas milagrosas desde então. Mas a Igreja reconheceu apenas 67 delas.

"Eu diria que a média deve ser de cinco (por ano), e não de 50", disse o bispo a jornalistas em Paris. As regras da Igreja Católica para os milagres, estabelecidas no século 18, exigem que os médicos atestem que não havia outro modo de curar a doença. Um escritório médico mantido pelo santuário e uma comissão médica formada por 25 pessoas recebe muitas requisições de reconhecimento, mas rejeita quase todas.

Para François-Bernard Michel, co-presidente, ao lado de Perrier, da Comissão Médica Internacional de Lourdes, que examina as alegações, o progresso da medicina reduziu a peregrinação a Lourdes a uma pergunta cuja resposta é sim ou não.

"Por causa das regras rígidas (para os milagres), acabamos ficando com uma alternativa muito simplista, ou seja, é milagre ou não. Mas nós, médicos, não estamos ansiosos por milagres. Não estamos tentando encontrar milagres onde eles não existem. Temos de respeitar tanto o rigor científico quanto a fé e a convicção de pessoas que, num determinado ponto de suas vidas, passaram por uma mudança radical em sua saúde", disse ele.

Segundo Perrier, a nova categoria não representará "milagres de segunda classe", mas sim uma nova forma de encarar recuperações inexplicáveis. Ele afirmou que quer levar em conta a pessoa como um todo, não só o aspecto médico da situação.

Michel disse que a comissão concluiu, em novembro, que uma francesa que sofria de linfoma e leucemia teve uma "cura excepcional" depois de visitar Lourdes. O caso da mulher, que pediu para permanecer anônima, não havia ainda recebido o status de milagre da Igreja, disse ele.

Perrier disse que vai discutir o plano de criar o "testemunho crível" com o Vaticano, mas garantiu que não precisa da aprovação de Roma para adotá-lo.





Fonte: Reuters

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