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Internacional
Quarta - 15 de Março de 2006 às 19:14

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JERICÓ - A invasão de uma prisão palestina em Jericó por Israel e as promessas de retaliação dos palestinos servem para elevar um pouco mais a tensão já existente nas relações entre os dois lados no Oriente Médio.

Depois da invasão, o líder palestino Mahmoud Abbas interrompeu uma viagem à Europa e condenou o ataque, assim como observadores internacionais que monitoravam a cadeia, mas acabaram deixando o local por causa da falta de segurança.

Todos os 11 estrangeiros seqüestrados numa primeira retaliação ao ataque à prisão já foram libertados. Entre eles estavam dois franceses, funcionários da organização Médicos Sem Fronteiras, e um suíço que trabalha para a Cruz Vermelha Internacional.

Os europeus, em especial, estão acostumados a ser bem recebidos na região, em parte porque muitos palestinos acreditam que eles estão do seu lado.

Ameaça Mas esta atitude está mudando. Visto de uma perspectiva palestina, é como se os europeus tivessem se juntado a todos os que são contra eles.

Primeiro vieram as charges satirizando o profeta Maomé num jornal dinamarquês. Depois os europeus se juntaram a uma reação gelada da comunidade internacional ao resultado das eleições palestinas. E agora isso.

A ameaça de mais seqüestros vai ser agora muito preocupante para estrangeiros que estão nos territórios palestinos. Mas não é a mesma situação encontrada no Iraque. O temor é que algum dia os seqüestrados nos territórios palestinos não sejam mais libertados sãos e salvos.

Houve acusações de conivência com os israelenses em relação ao momento da retirada dos monitores britânicos e americanos da prisão.

Esta não seria uma situação inédita. Uma olhada na história do conflito árabe-israelense mostra que há outros exemplos de conivência entre britânicos e israelenses, e entre americanos e israelenses.

Mas, até agora, nenhuma prova indica que o mesmo tenha acontecido no caso envolvendo a prisão onde estava o militante palestino Ahmed Saadat.

A Grã-Bretanha afirma categoricamente que informou à Autoridade Palestina há alguns dias que isso iria acontecer. Os israelenses também tiveram que ser informados, como previsto nos termos do acordo que define como a prisão é organizada.

Também há uma boa chance de que Israel tenha tomado conhecimento da retirada por diversas outras fontes. Jericó é um enclave pequeno e calmo, com montanhas altas de um lado, e israelenses por todos os lados. A questão agora é saber o que a Frente Popular para a Liberação da Palestina, grupo ao qual pertence Saadat, vai fazer.

O grupo já disse que vai retaliar contra Israel. Mas será que ele tem capacidade de realizar ataques como vingança, e será que Israel terá como impedir estes ataques? A Grã-Bretanha não apresentou qualquer razão concreta para ter retirado seus monitores da prisão de Jericó. Disse apenas que foi por temores ligados à segurança.

Certamente, por muito tempo, os palestinos não estavam cumprindo as regras que deveriam para dirigir a prisão.

Hamas Mas existe um novo elemento de incerteza - da perspectiva do Ministro das Relações Exteriores britânico, Jack Straw - com o advento do governo liderado pelo grupo militante islâmico Hamas.

Será que o Hamas, que venceu as eleições democráticas de janeiro, vai honrar acordos assinados com Israel anteriormente?

O Hamas já disse que não vai reconhecer Israel. Da perspectiva de Israel - que vai às urnas no dia 28 de março - é fácil ver porque esse ataque à prisão em Jericó pode ter sido uma operação atraente.

O primeiro-ministro interino, Ehud Olmert, está perdendo pontos em pesquisas de opinião porque não tem um passado militar forte - certamente não tanto quanto seu antecessor, Ariel Sharon.





Fonte: BBC Brasil

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