Adolescente cata lixo para sobreviver com os 4 filhos

A situação da catadora de lixo Lucimara Rodrigues Gerônimo, 16, é desoladora. Além da miséria absoluta, ela mora sozinha com os quatro filhos no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá. A mãe, o padrasto e os irmãos estão para um assentamento Rosário Oeste há mais de um mês.

O barraco fica ao lado de um matagal, o banheiro é improvisado, sem chuveiro. Não há água encanada, a luz foi puxada por gambiarra. Faltam colchões. O chão é de terra. As roupas ficam espalhadas pela casa, em cima dos poucos móveis. Os únicos e poucos mantimentos foram doados por uma igreja.

As crianças não têm leite, frutas, verduras e carne. Falta tudo. O local cheira mau, pois não há iluminação direta do sol. Em tempo de chuva, as tábuas lascadas do teto deixam entrar água que torna o ambiente úmido e insalubre. "Dá medo de ficar aqui, a água vem com tudo para cima da gente".

Lucimara não sabe ler e escrever. Foi à escola por pouco tempo, como precisava trabalhar desistiu. Para catar lixo na rua deixa as crianças com vizinhos. Antônio, 6 meses, não tem fraldas ou cuecas. Engatinha no chão sujo.

A comida é feita em fogão de lenha, pois há vários meses a adolescente não tem dinheiro para comprar gás. Ela mesma corta os pedaços de madeira, a fumaça entra na casa, onde as crianças brincam.

A localização do barraco é irregular, numa área de preservação ambiental. No quintal, há caixas de papelão, diversos materiais de reciclagem e lixo. A rua 19 não tem pavimentação asfáltica, nem rede de esgoto. Existem várias poças com água da chuva, risco de proliferação do mosquito da dengue.

Além de Antônio e Janaina, que não vão à escola, Lucimara é mãe de Patrícia, 6, e Daniele, 4.

Teve a primeira delas aos 10 anos. Não sabe como evitar uma gravidez, nunca ouviu falar de preservativo masculino ou em pílula anticoncepcional.