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Nacional
Terça - 14 de Março de 2006 às 21:14
Por: Júlia Gouveia

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SÃO PAULO - Os homens nem mesmo se haviam certificado de que a Terra era redonda quando surgiram as primeiras lendas sobre a travessia da Linha do Equador. Crenças supersticiosas em relação a terras perdidas e a "mares nunca dantes navegados", como escreveu Camões, sempre permearam a imaginação dos antigos viajantes.

A época das Grandes Navegações legou inúmeras narrativas sobre os perigos do mar. Os argonautas acreditavam que, ao cruzar a Linha do Equador, encontrariam regiões muito quentes povoadas por animais capazes de engolir qualquer objeto no mar e por pessoas que viviam de ponta-cabeça.

Mesmo após ter desvendado os mistérios equatoriais, os marinheiros mantiveram um rito em homenagem a Netuno, o deus supremo das águas na mitologia romana, cujo par grego é Posêidon. Conta-se que, para garantir uma viagem tranqüila, um tripulante vestia-se de branco, representando Netuno, e comandava um ritual de batismo. Segundo relatos de bordo, aqueles que estivessem atravessando a linha imaginária pela primeira vez eram jogados ao mar.

Um motivo a mais para beber Os noruegueses mantêm uma curiosa - e etílica - tradição em referência à linha. Fabricantes do aquavit - bebida feita de batata e símbolo dos países escandinavos, com teor alcoólico de 45% -, acreditam que o produto só pode ser considerado de boa qualidade se cruzar, por duas vezes, a faixa imaginária antes de ser consumido. Dizem que a mudança de temperatura no trajeto e a maresia influenciam a qualidade da bebida.

Barris de carvalho com o produto saem da Noruega, chegam à Austrália e voltam à Escandinávia. Tudo de navio. Assim é produzida a Linie aquavit (em referência à Linha do Equador), marca mais famosa da Noruega. Ah, cada garrafa leva o nome do navio e a data da expedição.

Mito ou verdade? Você já ouviu falar que acima da Linha do Equador a água da pia escoa em sentido horário e, abaixo, ela corre no sentido oposto? Pois saiba que isso é um dos maiores mitos científicos difundidos no mundo. A força de Coriolis, que dizem ser a responsável por essa diferença na rotação, não influencia em quantidades tão pequenas de água.

Segundo o professor de Física da Universidade Mackenzie, Kevork Soghomonian, fatores como vibrações do ambiente externo, temperatura e irregularidades da pia é que, de fato, vão determinar a direção do escoamento da água. "A história ganhou fama pois, devido à rotação e à inclinação da Terra, a força de Coriolis interfere no sentido das correntezas dos oceanos e dos furacões, fazendo com que no Hemisfério Norte eles girem à direita e, no Sul, à esquerda", elucida Soghomonian.





Fonte: Agência Estado

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