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Internacional
Terça - 14 de Março de 2006 às 12:14

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Com 16 jornalistas presos atualmente, a Etiópia é o país africano com mais profissionais da área detidos, revelou hoje em Nairóbi o Comitê para a Proteção de Jornalistas.

"Há pelo menos 16 jornalistas presos, o que coloca a Etiópia no terceiro lugar da lista mundial de países que prendem seus informadores, depois de China e Cuba", disse Julia Crawford, coordenadora do Programa Africano do comitê, uma organização sem fins lucrativos com base nos Estados Unidos que trabalha pela promoção da liberdade de imprensa.

Crawford, que acaba de retornar de uma missão de uma semana na Etiópia, afirmou que o comitê "está muito preocupado pela brutal repressão que aconteceu" após as eleições de maio e pela "alarmante deterioração da liberdade de imprensa".

Segundo o comitê, 14 jornalistas detidos enfrentam acusações de genocídio e traição, um crime que pode ser punido com a pena de morte.

"Nossa principal reivindicação e preocupação é que os jornalistas sejam libertados, mas o Governo se mantém firme e diz que eles têm que responder nos tribunais por terem feito parte de um complô para derrubar o Governo", afirmou a coordenadora.

"Agora, uma de nossas maiores preocupações é que eles não tenham um julgamento justo", assinalou Crawford, que ressaltou que os jornalistas são julgados pelo código penal, em vez de serem julgados pela lei de imprensa por crimes relacionados com o seu trabalho.

"Os funcionários governamentais com os quais falamos nos disseram que a ofensiva contra os meios de comunicação era necessária devido aos artigos incendiários de jornalistas, aos que acusam de ser parte de uma conspiração", acrescentou.

Crawford destacou "um clima terrível na relação entre o Governo e a imprensa" e acrescentou que, durante sua missão, permitiram que ela visitasse os presos e levasse livros.

A delegação do comitê se reuniu com o primeiro-ministro, Meles Zenawi, que "admitiu o veneno existente entre a imprensa e o partido no poder", disse Crawford.

As eleições de 15 de maio do ano passado terminaram com a vitória da coalizão dirigida por Zenawi, mas a oposição denunciou que a votação foi fraudulenta, e os protestos registrados em maio e novembro resultaram em cerca de cem mortes.

Além disso, as autoridades detiveram milhares de pessoas suspeitas de ter vínculos com a oposição ou participar dos protestos, a maioria delas liberadas pouco depois.

No entanto, ainda permanecem em prisão e são julgadas por traição mais de 200 pessoas, entre elas as principais figuras da oposição, vários jornalistas e dois trabalhadores da organização humanitária Action Aid.

Atualmente, há menos de dez jornais independentes em circulação, em comparação com os mais de 20 que estavam na rua na época das eleições, segundo o Comitê para a Proteção de Jornalistas.





Fonte: EFE

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