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Sábado - 11 de Março de 2006 às 12:10
Por: Mariana Trigo

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Até hoje Danton Mello sente saudades do cheiro da terra molhada de Passos, interior de Minas Gerais, onde nasceu. Por isso é tão familiar para o ator viver personagens que têm intimidade com a vida rústica do campo.

Na pele do destemido e romântico Rodolfo, o protagonista do "remake" de Sinhá Moça, Danton tem ressuscitado sua lembranças de infância, como quando brincava em terrenos de café muito parecidos com os da locação da trama das seis da Globo. "Esse personagem tem um valor afetivo muito forte para mim e muitos elementos pessoais", ressalta o ator, que pela segunda vez consecutiva, faz um mocinho de época de uma regravação de Benedito Ruy Barbosa.

O habitual bom humor de Danton reflete a segurança de quem, literalmente, cresceu nos estúdios de novelas. Após estrear na telinha no comercial do brinquedo Torpedinho da Estrela, há mais de 25 anos, o ator não parou mais. Foram dezenas de comerciais até fazer sua primeira novela, como o sapeca Cuca de A Gata Comeu, em 1985. "Cresci fazendo isso, mas me considero um mero contador de histórias. Não tenho estrelismos e não ligo para a fama", garante.

P - Recentemente você fez o Neco em Cabocla. Esse retorno em outra trama do Benedito e com outro mocinho não corre o risco de ser repetitivo?

R - Acho que não. O Rodolfo é mais determinado. O Neco era um sonhador, um garoto que ainda não sabia o que iria fazer da vida. O Rodolfo já é um advogado, um abolicionista, um republicano. São bem diferentes. Tenho vontade de fazer um pouco de tudo, trabalhos de época e contemporâneos. Mas sou um cara emotivo e o Benedito também. Isso agrega valores. Começamos a falar sobre a emoção do personagem e choramos juntos. Essa história conta a vida de um cara que é movido a paixão. Sou muito passional e me identifico bastante com ele e com personagens de época. Mas como ator, é claro que quero fazer de tudo: vilão, mocinho, personagens estranhos e vou buscar isso. Já trilho esse caminho. As novelas de época me perseguem porque acho que encaixo muito bem nesse perfil (risos).

P - Esse é o seu segundo "remake". O que você acha da regravação de produções? R - Acho bacana. A gente evoluiu tanto tecnologicamente que é interessante usar novos recursos para recontar uma história, principalmente essa que é tão bonita. Adoro fazer trabalho de época com esse figurino e esse cuidado. É rico ver a direção de arte. Isso me encanta.

P - Onde você buscou referências na composição? R - Fiz uma pesquisa da época, li bastante, estudei o período, busquei recursos que eu já tenho como ator. Ser ator é isso, um grande observador. No dia em que eu for fazer um jornalista, se bobear, você vai me ver segurando o gravador como você, porque eu já reparei na forma que você me entrevista. A gente está sempre observando, trazendo essas informações para cada personagem. Construi a maneira dele falar. Ele é um cara que passou anos em São Paulo. Vou aos pouquinhos montando esse quebra-cabeças. Sou um cara muito estudioso, gosto de ler muito. Quando o convite foi oficializado, fui entender a importância econômica do café, estudar bem o período, mergulhei na época. Li vários livros de História, poesia e literatura para ir aos poucos me alimentando do que o personagem se alimentaria, como postura, atitudes. Me fascino com o linguajar, a postura da época, a delicadeza. Adoro!

P - Como você conduz sua carreira e seleciona os personagens? Fala não para muitos convites?

R - Falo. Seleciono como no cinema e no teatro. Tem de ter uma seleção para não pegar um papel que eu não me identifico ou quando estou fazendo algum outro trabalho e não quero me dividir. Se eu não gostar da história, prefiro não fazer.

Depende muito do perfil do personagem, da equipe e do local onde vai ser o trabalho. Essas três coisas me fazem aceitar ou recusar um papel. Até uma certa idade fui sendo levado pelos convites. Mas depois, com uns 18 anos, pude tomar as rédeas, passei a escolher, a criar metas. Sempre fui mais de curtir a vida também. O Selton é mais "workaholic", mas temos características parecidas. Se junto uma grana e não estou trabalhando, vou viajar. Outro dia me chamaram para fazer um filme lindo e maravilhoso, mas tinha de ficar dois meses no sertão. Caramba! Dois meses longe das filhas? Não, obrigado.





Fonte: TV Press

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