Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Sexta - 10 de Março de 2006 às 21:29

    Imprimir


Agentes da Polícia Civil intimaram na tarde de hoje integrantes da Via Campesina Internacional, durante uma coletiva na 2ª Assembléia Mundial da Reforma Agrária, que acontece na PUC de Porto Alegre. Representantes do movimento terão que dar explicações sobre a invasão à empresa Aracruz, em Barra do Ribeiro (RS), na última quarta-feira, por cerca de duas mil mulheres camponesas vinculadas à Via Campesina.

A intimação está prevista para as 18h, no Palácio da Polícia. Paul Nicholson, representante do País Basco, disse que "foi uma surpresa grande, quando estamos debatendo a reforma agrária e o clamor dos camponeses e de milhões de mulheres pelo direito à terra. A ação de 8 de março foi a defesa do meio ambiente". "As mulheres da Via Campesina se mobilizaram em Porto Alegre contra o modelo de agricultura neoliberal e da monocultura", ressaltou.

Nicholson informou que os membros do Comitê Internacional vão se apresentar voluntariamente. No entanto, ele se recusou a assinar a intimação antes de falar com os advogados do movimento e consultar a jurisprudência internacional.

Durante a coletiva, os representantes da Noruega, Canadá, País Basco, Indonésia e República Dominicana não responderam questionamentos dos jornalistas presentes sobre quem ordenou a invasão e como foi organizada, quem financiou os 37 ônibus, e ausência do dirigente brasileiro na coletiva. O grupo disse que não pode assumir as ações organizadas pelas mulheres mas apóia os movimentos de invasão como o feito no laboratório da empresa Aracruz.

De acordo com os dirigentes, a cultura do eucalipto destrói o solo, retira nutrientes da terra e consome muita água, além de não trazer benefícios econômicos para os agricultores rurais. A Via Campesina Internacional disse que ações semelhantes contra monoculturas estão sendo promovidas em todo o mundo. A representante dos Pequenos Agricultores da Noruega, Ingeborg Tangeras, disse que a Via Campesina é um movimento onde ninguém recebe ordens de cima. "As decisões vêm da base. São ações fortes e não violentas", frisou.

O Ministério Público decidiu hoje processar criminalmente o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, João Pedro Stédile, sobre a invasão promovida pela Via Campesina ao viveiro da Aracruz. Na ocasião, Stédile elogiou a invasão e a destruição promovidas pelas mulheres. Já o procurador-geral de Justiça, Roberto Bandeira Pereira, solicitou à imprensa as fitas de áudio e o vídeo com as declarações de Stédile.

O Diário Oficial do Estado publicou hoje ordem de serviço assinada pelo governador em exercício, Antônio Hohlfeldt, suspendendo contratos, convênios, subvenções e repasses para a Via Campesina. O ato ainda proíbe os órgãos da administração estadual manter qualquer relação institucional com a Via Campesina.

A norma, de caráter temporário, atinge também o MST, o Movimento das Mulheres Camponesas, o Movimento dos Pequenos Agricultores, o Movimento dos Atingidos por Barragens, a Pastoral da Juventude Rural e a Comissão Pastoral da Terra. Hohlfeldt determinou ao Daer e Detran fiscalização rigorosa em todos os ônibus de agricultores da Via Campesina que saírem de Porto Alegre.





Fonte: JBonline

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/313630/visualizar/