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Internacional
Sexta - 10 de Março de 2006 às 19:56

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Representantes dos países doadores, reunidos em Paris, pediram hoje medidas "decisivas" para pôr fim ao conflito em Darfur, no oeste do Sudão, mas concordaram em não condicionar a ajuda financeira a um acordo de paz.

Esta postura foi exposta nas conclusões preliminares da primeira reunião do "Consórcio Sudão", que reúne o Governo de União Nacional sudanês, o recém-criado Governo do Sul do Sudão, os países doadores e instituições internacionais.

O objetivo da conferência era rever as medidas tomadas para aplicar o acordo de paz de janeiro de 2005, que pôs fim a 21 anos de guerra entre o norte e o sul do Sudão, e planejar futuras ações para consolidar a paz e enfrentar os problemas do país.

Os participantes ressaltaram que a situação em Darfur continua sendo "crítica" e "criou uma sensação de crise, não só na perspectiva humanitária", mas "lançando uma sombra sobre todo o país e sobre as relações regionais e internacionais".

"Muitos doadores assinalaram as implicações negativas do conflito de Darfur na cooperação entre as partes sudanesas e a comunidade internacional, inclusive com relação ao cumprimento das necessidades de financiamento" em outras partes do Sudão, diz o texto.

No entanto, foi acertado que a ajuda ao desenvolvimento, "especialmente para as áreas abandonadas", "não deveria estar condicionada a um acordo de paz em Darfur", já que um fracasso do acordo de paz norte-sul de 2005 e da "entrega dos dividendos da paz" no sul seria muito prejudicial para "todo o país".

O conflito de Darfur, que causou a morte de quase 300 mil pessoas e gerou 2,4 milhões de exilados ou refugiados, deu o tom de preocupação à reunião do "Consórcio Sudão", organizada pela ONU e pelo Banco Mundial (BM).

Em Oslo, em abril de 2005, a comunidade internacional prometeu cerca de US$ 4,5 bilhões para o Sudão em três anos (2005-2007).

Deste total, aproximadamente 38% foram confirmados.

A ajuda global passou de US$ 383 milhões em 2003 a mais de US$ 1,7 bilhão em 2005, sendo US$ 1,1 bilhão para a assistência humanitária, da qual boa parte foi para Darfur.

Para 2006, os compromissos rondam US$ 1,8 bilhão, segundo números expostos pela ONU e pelo BM à imprensa, embora sem precisar quanto iria para o norte e quanto para o sul, onde 90% da população vivem na faixa da pobreza.

O representante da ONU para o Sudão, Jan Pronk, e o vice-presidente do BM para a África, Gobind Nankani, pediram que os esforços sejam acelerados e ampliados para que o acordo de paz de 2005 se traduza em "resultados tangíveis" para a população.

Um tema "importante" na reunião foi a necessidade de "transparência" no uso dos recursos internos e de aumentar o valor destinado aos pobres.

Sobre a transparência, o subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Robert Zoellick, tinha evocado ontem divergências nos fundos procedentes do petróleo transferidos ao sul por Cartum.

O primeiro vice-presidente sudanês e presidente do Governo do Sul do Sudão, Salva Kiir, afirmou que "não há" divergências, o que foi respaldado por uma auditoria internacional, segundo o BM.

Kiir declarou que "não haverá marcha à ré no caminho da paz" e que não tem "motivos para estar descontente" com a reunião do "Consórcio Sudão", cuja próxima sessão acontecerá em outubro, no Sudão.





Fonte: EFE

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