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Polícia Brasil
Quinta - 09 de Março de 2006 às 06:23
Por: Adilson Rosa

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Policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) descobriram que dois rapazes assassinados recentemente na região do CPA, em Cuiabá, foram vítimas de uma “queima de arquivo” – eram testemunhas de um primeiro homicídio e foram eliminados para não falar na Justiça o que sabiam. Cinco envolvidos na trama foram identificados e quatro estão presos. Trata-se de Reginaldo Santos Bastos, Clodomilson França Farias, Joaci Marcelo Gomes e Marcos Rodrigues Rosa da Silva. O quinto, Lindomar Sobrinho, está foragido. Todos estão com a prisão decretada.

O crime que desencadeou toda a trama ocorreu em março de 2003, quando Douglas Pereira Leite da Silva, de 19 anos, foi morto a tiros no CPA. Flávio Nascimento de Souza, de 22 anos, e Rodrigo Gonçalves Trindade, de 18, testemunharam tudo. Mal sabiam que, naquele momento, estavam assinando a própria sentença de morte. Pelo assassinato de Douglas, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou Reginaldo.

Na ocasião do primeiro crime, Reginaldo estava em companhia de Flávio, de quem ainda era amigo. Por causa de uma rivalidade antiga, eles resolveram interpelar Douglas e Rodrigo no meio da rua. A desculpa inicial era de que pretendiam apenas pregar um susto nos dois, mas Reginaldo tinha outros planos. Ele saiu correndo atrás de Douglas e o matou a tiros. Rodrigo conseguiu sair ileso. A partir daí, Flávio se afastou de Reginaldo, por não ter aceitado sua atitude. Reginaldo acabou identificado pela polícia, que o indiciou. Com base na acusação, o Ministério Público pediu sua condenação.

A Justiça, então, marcou o júri de Reginaldo para março do ano passado. Mas em fevereiro, Rodrigo, que se safara dos tiros no primeiro crime e se tornara uma das principais testemunhas, apareceu morto na região da Ponte de Ferro. Neste crime, segundo o delegado, Reginaldo agiu em companhia de Joacir e Marcos Rodrigues.

“O Reginaldo combinou com os dois (Joacir e Lindomar) para que o levassem onde estava Rodrigo. Queria convencê-lo a mudar o depoimento em juízo para não incriminá-lo. Acontece que o Rodrigo não quis entrar no carro para conversar e foi morto ali mesmo”, explicou o delegado João Bosco de Barros, da DHPP.

Na ocasião, Reginaldo, Joacir e Lidomar foram em um Fusca branco até a academia que Rodrigo freqüentava. Na semana passada, os policiais localizaram o proprietário do Fusca, Clodemilson, que confessou ter emprestado o veículo para os rapazes.

Faltava, então, eliminar a outra testemunha. Flávio descobriu que Rodrigo tinha sido assassinado por Reginaldo e ficou assustado pois, como o outro, ele também testemunhara o primeiro crime. Tentou se esconder, mas seu esforço foi em vão. No final de setembro do ano passado, Flávio também seria assassinado, no CPA II. A princípio, a polícia acreditava que crime teria sido motivado por uma discussão banal. Mas os policiais descobriram que ele tinha sido eliminado porque, a exemplo do colega Rodrigo, era testemunha de um crime. “Descobrimos que o júri estava marcado e Douglas e Flávio seriam testemunhas. Era o que precisávamos”, explicou o delegado João Bosco.

Pelo assassinato de Flávio, além de Reginaldo, a polícia indiciou Lindomar Sobrinho, que está foragido. “Agora, Reginaldo vai responder não por um, mas por três assassinatos”, assegurou o delegado.





Fonte: Diário de Cuiabá

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