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Internacional
Quarta - 08 de Março de 2006 às 20:25

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O Departamento de Estado dos Estados Unidos apresentou hoje um confuso e caótico panorama do Iraque em seu relatório sobre direitos humanos em 2005, dominado por assassinatos, torturas, seqüestros e violações generalizadas dos direitos dos iraquianos, tanto por parte de insurgentes e terroristas quanto de forças governamentais.

O relatório não cita as acusações de violações de direitos humanos cometidas pelas forças americanas presentes no Iraque, atualmente com cerca de 130 mil soldados. Entre os abusos cometidos por membros de diversas organizações governamentais, Washington culpa as milícias sectárias, que se infiltraram nas forças de segurança.

"A insurgência, ao lado da violência sectária e criminal, afetou gravemente a atuação do Governo em matéria de direitos humanos.

Elementos das forças de segurança, particularmente milícias sectárias, freqüentemente atuaram independentemente da autoridade governamental", assinala o relatório.

O Departamento de Estado menciona expressamente duas das mais poderosas milícias xiitas, com as quais as forças americanas mantêm uma tensa relação.

"Membros das milícias sectárias dominaram unidades policiais em vários graus e em diferentes partes do país. Dois grupos xiitas, as Brigadas Badr e o Exército Mehdi, estão agindo dentro das forças de segurança do Ministério do Interior, principalmente a Polícia".

Os EUA avaliam em milhares "os indivíduos desaparecidos sem rastro, às vezes nas mãos da Polícia. Há muitas acusações que implicam a Polícia em seqüestros, algumas delas apoiadas com provas.

No entanto, já que freqüentemente criminosos, insurgentes e paramilitares usam uniformes policiais, os dados sobre abusos policiais reais é incerto".

O relatório também registra a atuação de milícias de partidos curdos no território controlado pelo Governo Regional do Curdistão.

Diversos casos de torturas e assassinatos foram atribuídos a forças policiais. O Ministério do Interior iraquiano prometeu investigar os casos, para determinar as responsabilidades de seus agentes, mas até o momento as autoridades não apuraram nada.

O Departamento de Estado também faz veladas críticas ao presidente iraquiano, Jalal Talabani, pelos seus elogios às milícias Badr e curdas.

"Dia 7 de junho, o presidente Jalal Talabani elogiou as milícias curdas e Badr ao dizer que são necessárias para eliminar os remanescentes da ditadura e derrotar o terrorismo. Agentes policiais, alguns deles membros das milícias, abusaram de seus poderes e recursos oficiais", acusa o documento.

O relatório também lembra que a maioria dos abusos dos direitos humanos cometidos por agentes governamentais foi atribuída à Polícia, e que há vínculos de altos funcionários com a organização xiita Conselho Supremo da Revolução Islâmica.

Entre as torturas supostamente cometidas pela Polícia se mencionam surras, choques elétricos em orelhas e genitais, privação de alimentos e água, intimidação, uso de furadeiras elétricas e abusos sexuais.

"Também foram informados abusos cometidos pelo Exército iraquiano durante o ano. A informação foi muito pouca, mas os relatórios de surras e abusos similares de detidos foram geralmente menores e menos graves que os dos centros de detenção do Ministério do Interior".





Fonte: EFE

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