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Internacional
Quarta - 08 de Março de 2006 às 19:10

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O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, avisou hoje ao comandante-em-chefe do Comando Central dos Estados Unidos, John Abizaid, que as crescentes tensões com o Afeganistão podem prejudicar a "guerra contra o terrorismo".

Os dois aliados dos Estados Unidos vivem uma escalada de tensão há dias devido a divergências sobre as medidas tomadas para evitar a presença de partidários da rede terrorista Al Qaeda na sua fronteira montanhosa, que se estende por mais de 2.200 quilômetros.

O principal comandante das Forças Armadas dos EUA para grande parte da Ásia se reuniu hoje com Musharraf em Rawalpindi, sede do Exército paquistanês, precisamente para tentar resolver este problema, segundo fontes diplomáticas paquistanesas.

O general americano pediu um esforço conjunto do Paquistão e do Afeganistão para lutar contra o terrorismo, algo que nos últimos dias não parece tão fácil.

Na conversa, Musharraf disse hoje a Abizaid que as constantes acusações de que vem sendo alvo por parte do Afeganistão podem afetar a guerra internacional contra o terrorismo, promovida pelos Estados Unidos.

"Estamos pagando um alto preço por manter a paz no Afeganistão e é lamentável que a liderança afegã nos acuse de promover infiltrações", queixou-se Musharraf durante o encontro, segundo fontes do Ministério das Relações Exteriores paquistanês.

A crise é motivada pelas constantes acusações mútuas. Cada país garante que é no outro que estão escondidos os principais líderes da Al Qaeda, Osama bin Laden, e dos talibãs, o Mulá Mohammed Omar.

A última desavença começou no mês passado, quando o Governo afegão enviou a Islamabad uma lista de supostos terroristas pró-talibãs que se ocultam no Paquistão, que também foi divulgada aos meios de comunicação. A resposta paquistanesa foi de que a informação do presidente afegão, Hamid Karzai, era "antiquada" e rejeitando, mais uma vez, que o Mulá Omar se encontre no seu território.

Então, o Governo afegão voltou a assegurar que os dados de inteligência apresentados eram "atuais e precisos" e expressou seu desejo de que o país vizinho "atue" em conseqüência deles.

Como cenário de fundo desta crescente discórdia entre vizinhos, ambos Repúblicas Islâmicas, está o fato de que a situação voltou a ficar cada vez mais violenta neste ano, dos dois lados da fronteira.

No Afeganistão houve desde janeiro vários atentados suicidas perto da fronteira - um deles, causando 24 mortos. O Governo afegão responsabiliza militantes treinados e procedentes do Paquistão.

Em sua defesa, o Governo paquistanês alega que mantém 80 mil soldados na fronteira e perdeu 700 homens na guerra contra o terrorismo, e reivindica de Cabul um compromisso similar.

A situação piorou por causa dos incidentes violentos que desde quinta-feira passada atingiram a província do Waziristão, próxima à fronteira com o Afeganistão, onde morreram mais de 100 pessoas.

Islamabad responsabiliza supostos partidários dos talibãs.

Na reunião de hoje com o general Abizaid, responsável pelas operações de seu Exército nos dois países, o general Musharraf qualificou de "tolices" as acusações de seu vizinho e reafirmou seu compromisso com a guerra contra o terrorismo.

Musharraf negou além disso que esteja promovendo infiltrações no Afeganistão, ao qual pediu informação de inteligência "atualizada".

Ele também criticou a divulgação aos meios de comunicação da lista de supostos terroristas.

"É assim que funciona a inteligência? Estou muito decepcionado e acho que existe uma intenção deliberada de caluniar o Paquistão", afirmou hoje o presidente paquistanês, segundo as fontes oficiais.

Curiosamente, a altercação entre os vizinhos se evidenciou poucos dias depois da viagem pelo Sul da Ásia do presidente americano, George W. Bush, quem esteve nos dois países.





Fonte: EFE

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