Arcanjo: Mais uma tentativa

A Suprema Corte do Uruguai confirmou ontem mais uma tentativa recursal apresentada pela defesa de João Arcanjo Ribeiro no Uruguai ante o órgão, com os pedidos de cassação, anulação e reposição da decisão tomada pela instância máxima da justiça local no final de fevereiro, quando indeferiu um outro recurso impetrado pelo advogado uruguaio do bicheiro, Gervásio Guillot Eula. Conforme a assessoria de imprensa da Suprema Corte, o atual recurso é utilizado apenas quando uma das partes suspeita que algo teria impedido aos ministros serem imparciais no momento da decisão.

A assessoria de imprensa da Suprema Corte não soube informar se o recurso, impetrado na semana passada, já havia ou não sido rechaçado pelo corpo de Justiça do órgão, mas o diretor de Comunicação, Raúl Oxandabarat, acredita que ele não terá a aceitação dos ministros da Suprema Corte, tendo em vista o texto da última decisão tomada.

“A defesa pode impetrar qualquer recurso, o que não quer dizer que serão aceitos. Como a Corte já havia se manifestado na decisão anterior, a defesa estaria abusando das vias processuais com todos aqueles recursos”, comentou, informando que não houve recurso junto ao Tribunal de Apelações, que também rechaçou um dos pedidos anteriores da defesa.

A viagem do juiz federal da 1ª Vara de Mato Grosso, Julier Sebastião da Silva, juntamente da secretária Nacional de Justiça, Cláudia Chagas, ao Uruguai, no final de fevereiro, estaria diretamente relacionada à nova tentativa de impedir a vinda do bicheiro para o Brasil. Quando o advogado levanta a suspeição sobre a decisão tomada pela Corte local na semana passada, tenta afirmar que os ministros sofreram influência pela permanência das autoridades brasileiras no país.

Em Montevidéu, Julier e Cláudia Chagas mantiveram reuniões com o embaixador brasileiro, Eduardo dos Santos, o advogado uruguaio contratado pela Embaixada, Amadeo Ottati, o presidente da Suprema Corte Uruguaia, Hipólito Rodriguez Caorsi, com outro ministro da Suprema Corte, Daniel Gutieres, autoridades dos ministérios das Relações Exteriores e de Educação e Cultura, que trata da Justiça local, bem como demais autoridades do sistema judiciário do país, conforme relatado pelo próprio magistrado.

Segundo informações de fontes uruguaias, ainda haveria mais um outro recurso da defesa tramitando junto à Suprema Corte, acerca da decisão tomada sobre o recurso de revisão que questionava a sentença de extradição deferida pela Justiça local em setembro do ano passado. O advogado uruguaio de Arcanjo foi procurado pela reportagem, mas preferiu não dizer nada sobre o assunto.

Ainda seguro fontes uruguaias, a longa permanência do bicheiro na Cárcere Central de Montevidéu preocupa policiais da Interpol do país, que temem uma possível fuga do bicheiro. De acordo com funcionários da Cárcere, Arcanjo tem se mantido tranqüilo nos últimos dias.