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Internacional
Terça - 07 de Março de 2006 às 19:10
Por: Bernd Debusmann

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Apesar de três décadas cheias de relatórios otimistas sobre as batalhas vencidas na guerra contra as drogas, continua fácil como sempre comprar cocaína, heroína e maconha nas ruas norte-americanas, e os especialistas afirmam que os Estados Unidos ainda não conseguiram criar uma estratégia eficaz.

Assim como nos anos anteriores, o governo anunciou apreensões recordes de cocaína e a erradicação de plantações de coca na Colômbia, principal produtor de cocaína do mundo. Os relatórios anuais foram divulgadas pelo Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca (ONDCP), formado por 130 pessoas e chefiado pelo "czar antidrogas" John Walters, e também por um escritório do Departamento de Estado que cuida do assunto no nível internacional.

Algumas estimativas afirmam que os EUA consomem 60 por cento das drogas ilícitas do mundo, embora respondam por apenas 4,5 por cento da população mundial.

Na maioria das grandes cidades norte-americanas, a cocaína é vendida nas ruas por menos de 100 dólares o grama. Em Nova York, o preço varia de 20 a 60 dólares, e em Los Angeles está em torno de 80 dólares o grama.

Mesmo assim, o órgão da Casa Branca afirmou: "Nossos esforços internacionais contra as drogas estreitaram o duto que leva a cocaína para os EUA". Anúncios como esse vêm sendo feitos desde o governo Nixon, em 1969.

Quando o primeiro czar antidrogas de Washington, William Bennett, deixou o posto, a Casa Branca disse que ele havia posto os EUA na "rota para a vitória" na guerra contra as drogas. Isso foi há 16 anos. Hoje, as drogas estão tão disponíveis quanto naquela época — mas mais baratas. "A queda nos preços começou em 1979 e a tendência de redução vem se mantendo constante", disse Mark Kleiman, diretor do programa de análise da política antidrogas da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Os especialistas no assunto encararam com ceticismo a informação de que o preço da cocaína subiu 19 por cento e de que sua pureza caiu 15 por cento entre fevereiro e setembro de 2005.

Questionados sobre a variação no preço da cocaína nas ruas, escritórios da Administração Antidrogas (DEA) em Los Angeles, Chicago, San Diego, Miami, Atlanta e Nova York disseram à Reuters não ter notado flutuação significativa no ano passado.

A chefia da DEA em Washington se distanciou dos dados sobre o aumento no preço e respondeu à Reuters num comunicado por escrito. "Não participamos do estudo no qual eles basearam suas conclusões e portanto não achamos apropriado comentar as conclusões do ONDCP."

Para Peter Reuter, especialista no assunto da Universidade de Maryland, os números não encaixam em tendências de longo prazo e estão abertos a questionamentos.

O ceticismo é um reflexo de um relatório divulgado em novembro pelo Escritório de Responsabilidade Governamental (GAO), um braço investigativo apartidário do Congresso, que descreveu como "problemáticos" os dados usados pela administração para avaliar o combate às drogas.

Além da "ausência de dados adequados e confiáveis sobre os preços e o uso das drogas ilícitas", disse o GAO, outras estimativas são tão amplas que se tornam inúteis.

O documento citou a estimativa feita pelo czar, em 2004, de que os traficantes latino-americanos estavam se preparando para levar entre 325 e 675 toneladas de cocaína para os EUA. "Essa variação tão grande não é útil para avaliar os esforços de apreensão," disse o relatório.





Fonte: Reuters

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