Para Lula, pobres continuarão pobres sem avanço na OMC

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou nesta segunda-feira que sem avanços nas negociações globais de comércio os países pobres continuarão nessa situação pelas próximas três décadas.

Lula fez as declarações em seu programa semanal de rádio antes de viajar para a Grã-Bretanha, onde discutirá com o primeiro-ministro, Tony Blair, sobre o ritmo das conversações para liberalizar o comércio mundial.

"Eu vou ter uma grande conversa com Tony Blair sobre a OMC (Organização Mundial do Comércio)", disse Lula.

"Estou conversando com Tony Blair desde dezembro (...) falei com ele agora na África do Sul que nós precisamos fazer com que a União Européia, representando uma parte dos países ricos, flexibilize (a posição) nas negociações para que a gente possa diminuir os subsídios agrícolas para favorecer os países mais pobres", acrescentou o presidente.

"Se nós não fizermos isso, nós estaremos dizendo aos países mais pobres que eles vão continuar mais pobres daqui a 30 anos."

O Brasil trabalha ativamente na OMC, onde lidera o grupo de nações agrícolas G-20, o qual inclui China e Índia, e busca um acordo global para diminuir radicalmente os subsídios à produção de matéria-prima nos países desenvolvidos.

As negociações globais para concluir a rodada de Doha, iniciada em 2001 e cuja conclusão se esperava para 2006, caminham lentamente. Muitos temem que será difícil chegar a um acerto dentro do prazo previsto.

Lula, que durante sua estada em Londres ficará na residência oficial da família real britânica, o Palácio de Buckingham, disse que também discutirá com Blair assuntos de energia, principalmente sobre etanol e biodiesel, combustíveis cuja produção aumenta no Brasil.

No rádio, o presidente aproveitou para comentar recentes medidas do governo voltadas para o setor de habitação, especialmente para famílias de baixa renda.