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Chefe da AIEA crê em solução diplomática para crise do Irã
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou segunda-feira ter esperanças de que seja acertado em breve um acordo sobre o programa nuclear do Irã, citando a intensificação dos esforços diplomáticos por parte da Rússia e das potências da União Européia (UE).
Mohamed ElBaradei fez essas declarações pouco antes da reunião da diretoria da agência, que pode ser o primeiro passo para a tomada de medidas por parte do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Ainda tenho muitas esperanças de que, na próxima semana mais ou menos, possamos chegar a um acordo", disse ElBaradei, mesmo reconhecendo que a oferta russa de enriquecer o urânio iraniano em seu território havia esbarrado na determinação do país islâmico em purificar seu próprio combustível.
Javad Vaeedi, vice-secretário do conselho nacional de segurança do Irã, disse à Reuters ser irreversível a decisão do país de "pesquisar e desenvolver" a tecnologia de enriquecimento de urânio.
Líderes de potências ocidentais suspeitam que a República Islâmica esteja tentando fabricar armas atômicas sob o disfarce de um programa civil para gerar energia elétrica a partir de reatores nucleares. O Irã nega.
"O confronto (entre o Ocidente e o Irã) pode ser contraproducente e não nos daria uma solução de longo prazo", afirmou ElBaradei, pedindo que todos os lados envolvidos fossem moderados em suas declarações.
A diretoria da AIEA, composta por 35 países, relatou o caso do Irã ao Conselho de Segurança um mês atrás. Pediu que os iranianos suspendessem as atividades envolvendo o enriquecimento de urânio, capaz de produzir material para a fabricação de bombas atômicas, e que cooperassem com a AIEA.
A reunião da agência nesta segunda avaliará um novo relatório de ElBaradei detalhando a aceleração do programa de pesquisa e desenvolvimento do Irã e as evasões do país às investigações da AIEA.
ESFORÇOS DIPLOMÁTICOS
Segundo ElBaradei, a tomada ou não de medidas pela ONU depende do destino dos esforços diplomáticos, agora centrados na proposta russa de fornecer o combustível nuclear ao Irã, caso o país pare de pesquisar essa tecnologia.
"O Conselho de Segurança adotará ou não medidas dependendo do progresso para que as partes envolvidas regressem à mesa de negociações", afirmou o chefe da AIEA.
ElBaradei disse que a insistência do país islâmico em continuar com seu programa de pesquisa e desenvolvimento com centrífugas (usadas no enriquecimento de urânio) continuava a ser uma "linha divisória, separando as duas partes envolvidas (a UE e o Irã)".
"Há um reconhecimento universal de que a questão do Irã possui sérias implicações para a segurança internacional. A segurança do Oriente Médio também está em jogo", afirmou.
O relatório de ElBaradei será apresentado ao Conselho de Segurança conforme estipulado na reunião da IAEA de 4 de fevereiro.
John Bolton, embaixador dos EUA junto à ONU, disse que o Irã enfrentará "consequências palpáveis e dolorosas" se continuar com o programa de enriquecimento de urânio. Os líderes norte-americanos são os maiores defensores de que o Conselho de Segurança adote sanções contra o país islâmico.
Mas o presidente da França, Jacques Chirac, disse que os esforços para induzir o Irã a suspender o programa nuclear continuariam mesmo depois de o governo iraniano ter "decepcionado" a comunidade internacional.
"Não desistiremos. Continuamos com nossos esforços para convencer os iranianos", afirmou o dirigente em Riad.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que as pressões sobre o país teriam consequências imprevisíveis.
"Se eles fizerem pressões políticas sobre nós, vamos reavaliar nossas decisões e mudar de comportamento", afirmou à agência de notícias Irna. "Não há nenhuma necessidade de eles criarem problemas para si próprios e para nós. Eles deveriam aceitar os direitos do Irã enquanto nação, e então a cooperação se iniciaria."
O presidente do Irã não disse o que o país poderia fazer, mas autoridades iranianas afirmaram que uma das medidas seria o abandono do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
O governo do país islâmico parece estar contando com a oposição às sanções por parte da Rússia e da China, dois países com poder de veto no Conselho de Segurança.
O principal negociador do Irã para a área nuclear, Ali Larijani, prometeu que o país tentaria produzir combustível nuclear em escala industrial se for objeto de sanções.
Segundo membros de corpos diplomáticos e da AIEA, ElBaradei sentia que a decisão de 4 de fevereiro da agência, de relatar o caso do Irã ao Conselho de Segurança, havia sido precipitada e poderia evitar uma solução diplomática do caso.
Mas alguns diplomatas do Ocidente dizem que as negociações do Irã com a Rússia são apenas uma manobra para evitar a ação da ONU enquanto o país islâmico intensifica seus esforços na área nuclear.
O país já realiza teste com 20 centrífugas — máquinas capaz de converter o gás de urânio UF6 em combustível para reatores nucleares.
ElBaradei disse que os planos iranianos de começar a instalar 3.000 centrífugas neste ano não têm relação com uma produção em escala industrial do combustível nuclear. As potências ocidentais dizem que a instalação não teria outro objetivo.
Cientistas da área nuclear estimam que o Irã ainda precisará de alguns anos antes de dominar a tecnologia de enriquecimento a ponto de poder fabricar bombas atômicas.
O primeiro passo do Conselho de Segurança seria provavelmente conclamar o Irã a obedecer às resoluções da AIEA. O órgão também pode conceder à AIEA a capacidade de realizar inspeções mais invasivas.
Sanções comerciais parecem ser menos prováveis devido à relutância do órgão em isolar o quarto maior exportador de petróleo do mundo.
(Com reportagem de Parisa Hafezi em Viena, Noah Barkin em Berlim e Teerã)
Mohamed ElBaradei fez essas declarações pouco antes da reunião da diretoria da agência, que pode ser o primeiro passo para a tomada de medidas por parte do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Ainda tenho muitas esperanças de que, na próxima semana mais ou menos, possamos chegar a um acordo", disse ElBaradei, mesmo reconhecendo que a oferta russa de enriquecer o urânio iraniano em seu território havia esbarrado na determinação do país islâmico em purificar seu próprio combustível.
Javad Vaeedi, vice-secretário do conselho nacional de segurança do Irã, disse à Reuters ser irreversível a decisão do país de "pesquisar e desenvolver" a tecnologia de enriquecimento de urânio.
Líderes de potências ocidentais suspeitam que a República Islâmica esteja tentando fabricar armas atômicas sob o disfarce de um programa civil para gerar energia elétrica a partir de reatores nucleares. O Irã nega.
"O confronto (entre o Ocidente e o Irã) pode ser contraproducente e não nos daria uma solução de longo prazo", afirmou ElBaradei, pedindo que todos os lados envolvidos fossem moderados em suas declarações.
A diretoria da AIEA, composta por 35 países, relatou o caso do Irã ao Conselho de Segurança um mês atrás. Pediu que os iranianos suspendessem as atividades envolvendo o enriquecimento de urânio, capaz de produzir material para a fabricação de bombas atômicas, e que cooperassem com a AIEA.
A reunião da agência nesta segunda avaliará um novo relatório de ElBaradei detalhando a aceleração do programa de pesquisa e desenvolvimento do Irã e as evasões do país às investigações da AIEA.
ESFORÇOS DIPLOMÁTICOS
Segundo ElBaradei, a tomada ou não de medidas pela ONU depende do destino dos esforços diplomáticos, agora centrados na proposta russa de fornecer o combustível nuclear ao Irã, caso o país pare de pesquisar essa tecnologia.
"O Conselho de Segurança adotará ou não medidas dependendo do progresso para que as partes envolvidas regressem à mesa de negociações", afirmou o chefe da AIEA.
ElBaradei disse que a insistência do país islâmico em continuar com seu programa de pesquisa e desenvolvimento com centrífugas (usadas no enriquecimento de urânio) continuava a ser uma "linha divisória, separando as duas partes envolvidas (a UE e o Irã)".
"Há um reconhecimento universal de que a questão do Irã possui sérias implicações para a segurança internacional. A segurança do Oriente Médio também está em jogo", afirmou.
O relatório de ElBaradei será apresentado ao Conselho de Segurança conforme estipulado na reunião da IAEA de 4 de fevereiro.
John Bolton, embaixador dos EUA junto à ONU, disse que o Irã enfrentará "consequências palpáveis e dolorosas" se continuar com o programa de enriquecimento de urânio. Os líderes norte-americanos são os maiores defensores de que o Conselho de Segurança adote sanções contra o país islâmico.
Mas o presidente da França, Jacques Chirac, disse que os esforços para induzir o Irã a suspender o programa nuclear continuariam mesmo depois de o governo iraniano ter "decepcionado" a comunidade internacional.
"Não desistiremos. Continuamos com nossos esforços para convencer os iranianos", afirmou o dirigente em Riad.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que as pressões sobre o país teriam consequências imprevisíveis.
"Se eles fizerem pressões políticas sobre nós, vamos reavaliar nossas decisões e mudar de comportamento", afirmou à agência de notícias Irna. "Não há nenhuma necessidade de eles criarem problemas para si próprios e para nós. Eles deveriam aceitar os direitos do Irã enquanto nação, e então a cooperação se iniciaria."
O presidente do Irã não disse o que o país poderia fazer, mas autoridades iranianas afirmaram que uma das medidas seria o abandono do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
O governo do país islâmico parece estar contando com a oposição às sanções por parte da Rússia e da China, dois países com poder de veto no Conselho de Segurança.
O principal negociador do Irã para a área nuclear, Ali Larijani, prometeu que o país tentaria produzir combustível nuclear em escala industrial se for objeto de sanções.
Segundo membros de corpos diplomáticos e da AIEA, ElBaradei sentia que a decisão de 4 de fevereiro da agência, de relatar o caso do Irã ao Conselho de Segurança, havia sido precipitada e poderia evitar uma solução diplomática do caso.
Mas alguns diplomatas do Ocidente dizem que as negociações do Irã com a Rússia são apenas uma manobra para evitar a ação da ONU enquanto o país islâmico intensifica seus esforços na área nuclear.
O país já realiza teste com 20 centrífugas — máquinas capaz de converter o gás de urânio UF6 em combustível para reatores nucleares.
ElBaradei disse que os planos iranianos de começar a instalar 3.000 centrífugas neste ano não têm relação com uma produção em escala industrial do combustível nuclear. As potências ocidentais dizem que a instalação não teria outro objetivo.
Cientistas da área nuclear estimam que o Irã ainda precisará de alguns anos antes de dominar a tecnologia de enriquecimento a ponto de poder fabricar bombas atômicas.
O primeiro passo do Conselho de Segurança seria provavelmente conclamar o Irã a obedecer às resoluções da AIEA. O órgão também pode conceder à AIEA a capacidade de realizar inspeções mais invasivas.
Sanções comerciais parecem ser menos prováveis devido à relutância do órgão em isolar o quarto maior exportador de petróleo do mundo.
(Com reportagem de Parisa Hafezi em Viena, Noah Barkin em Berlim e Teerã)
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/314767/visualizar/
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