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Internacional
Domingo - 05 de Março de 2006 às 11:30

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A China vai direcionar seu crescimento econômico para diminuir as diferenças entre as cidades mais ricas e o interior mais pobre do país, disse neste domingo o premiê Wen Jiabao ao parlamento, em discurso que mesclou otimismo e advertências duras. Ao estabelecer os objetivos do governo para o próximo ano, Wen prometeu "continuidade e estabilidade" na política econômica geral, incluindo a taxa cambial e a política monetária. Mas ele disse que mais riquezas e investimentos precisam ir para os agricultores e outros grupos para garantir a estabilidade e o crescimento da China.

Wen elogiou o desempenho da China em 2005 em discurso para quase 3 mil delegados do Congresso Nacional Popular — a maioria membros do Partido Comunista e autoridades — que lotaram a Grande Sala Popular de Pequim para sua sessão anual.

Ele leu 35 páginas de discurso, e foi interrompido às vezes por aplausos. As palmas foram mais longas quando ele falou sobre o compromisso da China em retomar Taiwan, ilha que os chineses consideram parte do seu território.

Ele disse que o país precisa "dar mais atenção à igualdade social e à estabilidade social para que todas as pessoas possam gozar dos frutos da reforma e do desenvolvimento".

Wen mostrou um quadro de rápido desenvolvimento econômico ameaçado por investimento excessivo, excesso de produção e má administração. Ele disse que a expansão industrial distorcida atrapalha a saúde econômica da China a longo prazo.

"Excessos de produção estão cada vez mais severos, os preços dos produtos estão caindo e os inventários estão crescendo. Os lucros estão encolhendo, as perdas estão aumentando e os riscos financeiros latentes estão se expandindo", disse.

O governo de Wen está trabalhando com a premissa de que o Produto Interno Bruto vai crescer cerca de 8 por cento neste ano e que os preços ao consumidor vão crescer 3 por cento. Mas o governo costuma estabelecer objetivos de crescimento cautelosos. Foi estabelecido 8 por cento para 2005, mas a taxa foi de 9,9 por cento.

BENEFÍCIOS

Wen prometeu controles duros para deter investimento em excesso. Mas a China só pode conseguir uma cura duradoura para seus desequilíbrios sociais e econômicos elevando a arrecadação, a eficiência e a confiança dos agricultores.

Uma grande parte de seu discurso falou sobre os planos do governo para construir "um novo interior socialista" para os 750 milhões de agricultores do país. Wen disse que o governo pretende gastar 42,3 bilhões de dólares neste ano para melhorar a agricultura, e mais bilhões de dólares em serviços sociais rurais.

O programa é uma "grande tarefa histórica" para direcionar investimentos do governo para educação, saúde e empréstimos bancários ao interior, onde crescem os protestos contra a corrupção e a ineficiência, o que alarmou as autoridades.

Wen disse que as políticas de redistribuição vão levar mais crescimento a indústrias e cidades, estimulando a demanda interna. Ele descreveu as medidas como parte da "estratégia de aumentar o consumo interno".

Wen evitou declarações novas sobre política exterior e defesa e ameaças de uso da força contra Taiwan, mas disse:

"O povo deseja que as relações através do estreito se desenvolvam em uma direção de paz, estabilidade e benefício mútuo. Quem tentar, em vão, destruir esta grande tendência certamente fracassará", afirmou em aparente crítica ao presidente de Taiwan, Chen Shui-bian.

A China pretende aumentar em 14,7 por cento seus gastos com defesa em 2006, disse um porta-voz do Parlamento.

O ministro das Finanças, Jin Renqing, disse em relatório ao Parlamento que o país pretende melhorar seu déficit orçamentário em cerca de 1,7 por cento em 2006, aumentando os estímulos fiscais que começaram em 1998.




Fonte: Reuters

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