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Internacional
Sexta - 03 de Março de 2006 às 23:25

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O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) apontou hoje o fim da ocupação israelense como condição para a convivência pacífica e o cumprimento do Mapa de Caminho, o plano de paz internacional para o Oriente Médio.

"Não pode haver paz enquanto durar a ocupação", disse Khaled Mashaal, o chefe da delegação do Hamas e dirigente de seu braço político, após uma reunião de duas horas com o ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"Nosso movimento dará um passo rumo à paz se Israel anunciar oficialmente a sua disposição de abandonar os territórios palestinos e voltar às fronteiras de 1967, além de permitir o retorno dos refugiados, destruir o muro de separação e libertar todos os palestinos detidos", exigiu.

"Esta é a nossa mensagem, e esperamos que a comunidade mundial nos apóie. É do interesse de todo o mundo cooperar com o Hamas. A ocupação é o passado. Hamas é o futuro", acrescentou Mashaal.

"Quanto à trégua, a bola agora está no campo de Israel, que não freia a sua agressão e ainda não respondeu à iniciativa de paz palestina. Por isso, não alimentamos grandes esperanças de um cessar-fogo", afirmou.

A Chancelaria russa assinalou que o Hamas "confirmou a sua disposição a não abandonar o acordo de março de 2005 sobre o cessar-fogo, com a condição de que Israel se abstenha, além disso, de ações de força".

Segundo Lavrov, a delegação palestina declarou que "o Hamas cumprirá os acordos anteriores, inclusive o Mapa de Caminho e a iniciativa de paz árabe - que estabelece o reconhecimento de Israel em troca da resolução de todos os problemas e o fim da ocupação -, com a condição de que haja avanços de ambos os lados".

"É uma declaração importante. Não vamos arriscar previsões muito otimistas, mas é um passo na direção correta", comemorou o ministro de Relações Exteriores da Rússia, país que integra o Quarteto de mediadores internacionais ao lado dos EUA, da ONU e da União Européia.

Ele acrescentou que "o Hamas declarou claramente que o seu maior objetivo é garantir a paz na região, para que a situação ali não exploda nem acabe num beco sem saída", assim como combater graves problemas sociais, como "a miséria e o desemprego".

No entanto, o dirigente do Hamas considerou "impossível" que seu movimento, vencedor das recentes eleições legislativas na Autoridade Nacional Palestina (ANP), inicie imediatamente as negociações de paz com Israel, segundo a Interfax.

"Antes de tudo é preciso obrigar Israel a respeitar nossos direitos. Não haverá negociações enquanto não for anunciado o fim da ocupação. Quando vier o anúncio oficial, então falaremos dos detalhes, mas não antes", ressaltou.

Mashaal informou que "atualmente o Hamas assume a tarefa de formar um Governo, possivelmente de coalizão, e de manter conversações em diversas capitais do mundo" para explicar a postura do movimento em relação ao conflito no Oriente Médio.

Também afirmou que o grupo "respeita a postura do presidente da ANP", Mahmoud Abbas, e "cooperará com ele na política interna e externa". Entretanto, observou que Abbas também deverá "respeitar" as prerrogativas do novo Governo.

Além disso, anunciou que "o Hamas oferece duas importantes garantias" para receber a assistência financeira internacional à ANP.

"Primeiro: as ajudas não serão para o Hamas, e sim para o povo. E segundo: todos os recursos se destinarão a realizar as aspirações do povo palestino. Em nenhum caso haverá corrupção", prometeu o chefe da delegação palestina.

Mashaal agradeceu ao presidente russo, Vladimir Putin, por convidar o Hamas (que o Kremlin não considera organização terrorista) e visitar Moscou, e elogiou a postura "construtiva" da Rússia na sua "política de fortalecer as relações com o mundo árabe".

O chefe da diplomacia russa, por sua vez, informou que, nessas conversas, Moscou exigiu do Hamas que cumpra os passos acertados pelo Quarteto de mediadores internacionais no fim de janeiro.

"Antes de tudo, é preciso respeitar todos os acordos anteriores, reconhecer o direito de existência de Israel como parte das negociações e renunciar aos métodos violentos de solução dos assuntos políticos", destacou.

Segundo Lavrov, "o Hamas entende que, em seu novo status, é responsável diante dos palestinos não só por suas vidas, mas pelo avanço rumo a um sólido acordo, que inclua a criação de um estado palestino soberano para conviver em paz com Israel".

Lavrov, que na próxima segunda-feira viajará aos EUA, afirmou que a Rússia informará os resultados do diálogo aos demais membros do Quarteto e aos principais países do Oriente Médio.

A delegação do Hamas abandonará a capital russa no domingo, após várias reuniões com parlamentares e líderes religiosos ortodoxos e muçulmanos.





Fonte: EFE

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