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Internacional
Quinta - 02 de Março de 2006 às 21:25
Por: Claudia Parsons

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O governo do Peru pretende processar a Universidade de Yale para recuperar milhares de artefatos escavados de Machu Picchu há mais de 90 anos, depois que as negociações não surtiram efeito e ambos os lados acusaram-se de má-fé.

O Peru busca recuperar cerca de 4.000 objetos da cidadela Inca, incluindo cerâmicas, roupas e trabalhos em metal. O país sul-americano diz que esses artefatos foram emprestados para Yale por 18 meses em 1916, mas que a universidade de New Haven, em Connecticut, nunca mais os devolveu.

"Yale não reconhece a propriedade peruana sobre estes artefatos", disse o embaixador do Peru em Washington, Eduardo Ferrero, em um comunicado. Ele reclama que depois de três anos de conversações, autoridades de Yale não estavam agindo de "boa-fé".

O comunicado dizia que o explorador norte-americano Hiram Bingham obteve permissão originalmente para exportar os itens sob o entendimento de que eles estavam emprestados e seriam devolvidos ao Peru.

A universidade disse em um comunicado enviado à Reuters na quinta-feira que havia submetido uma proposta revisada na semana passada para um acordo que incluiria a devolução de vários dos objetos.

"Estamos desapontados que o governo tenha rejeitado essa proposta e esteja aparentemente determinado a processar a Universidade de Yale", dizia o comunicado. O documento dizia ainda que a coleção foi escavada legalmente e exportada "de acordo com as práticas da época".

"Estamos desapontados com o fato de o governo do Peru ter suspendido as negociações antes das próximas eleições no país, em vez de trabalhar para chegar a uma solução estável e de longo prazo", completava o comunicado. O Peru realizará eleições em abril.

O comunicado dizia ainda que Yale havia proposto trabalhar em conjunto com o governo peruano para criar exibições paralelas de objetos Inca em Yale e em um novo museu a ser construído no Peru.

O Peru vem tentando recuperar os artefatos agora porque pretende colocá-los em exibição em 2011, para o centenário da redescoberta de Machu Picchu por Bingham.

Segundo o embaixador peruano, a última proposta de Yale era inaceitável porque não reconhecia a propriedade do Peru sobre os itens.

"(Yale) mantém que estes artefatos arqueológicos pertencem à humanidade, mas ao mesmo tempo está tentando se apropriar deles como parte de sua coleção", disse Ferrero.

"O governo peruano. abrirá um processo contra a Universidade de Yale nos tribunais americanos", disse Ferrero.

Bingham, um ex-aluno de Yale, descobriu Machu Picchu nos Andes em 1911.

As ruínas pré-colombianas de uma cidade inteira haviam sido esquecidas.

Machu Picchu está no coração do império Inca, que dominou a América do Sul, da Colômbia ao Chile, até ser destroçado por conquistadores espanhóis nos anos 1530.





Fonte: Reuters

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