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Internacional
Quinta - 02 de Março de 2006 às 10:40
Por: Philip Pullella

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Líderes da União Soviética estiveram por trás da tentativa de assassinato do papa João Paulo II, em 1981, afirmou uma comissão parlamentar de inquérito da Itália em um relatório. Um rascunho final do documento, que deve ser apresentado ao Parlamento ainda neste mês, foi fornecido à Reuters na quinta-feira pelo presidente da comissão, senador Paolo Guzzanti.

"Esta comissão acredita, indubitavelmente, que a liderança da União Soviética tomou a decisão de eliminar o papa João Paulo II", diz o relatório.

"Eles comunicaram essa decisão aos serviços secretos das Forças Armadas a fim de que eles realizassem as operações necessárias para cometer um crime único em sua gravidade, sem paralelo nos tempos modernos", afirma o documento.

Um capítulo de 30 páginas sobre a tentativa de assassinato foi incluído em um relatório mais amplo da Comissão Mitrokhin, do Parlamento, encarregada de investigar as revelações de Vasili Mitrokhin, um importante arquivista da União Soviética que desertou para a Grã-Bretanha em 1992.

O papa foi atingido na Praça São Pedro, em 13 de maio de 1981, por tiros disparados pelo turco Mehmet Ali Agca, detido minutos depois e condenado pela tentativa de assassinato.

Na época dos disparos, fatos ocorridos na Polônia, país natal do Papa, davam início a um efeito dominó que terminaria por levar ao colapso dos regimes comunistas do Leste Europeu em 1989. João Paulo II apoiava fortemente o sindicato polonês Solidariedade e a maior parte dos historiadores concorda que o Pontífice teve uma participação importante nos eventos que levaram à formação do primeiro governo eleito livremente no Leste Europeu e à queda do Muro de Berlim.

Em um julgamento de 1986, promotores não conseguiram provar as acusações de que os serviços secretos búlgaros haviam contratado Agca para matar o papa em nome da União Soviética.

Conexão Búlgara O julgamento da chamada "Conexão Búlgara" terminou com a absolvição, "por falta de provas", de três turcos e de três búlgaros acusados de conspirar com Agca. Mas o veredicto, uma peculiaridade do sistema judicial italiano, não chegou a estabelecer uma absolvição completa. Isso significa que os jurados não ficaram totalmente convencidos da inocência dos réus.

Guzzanti, um senador que integra a coalizão de governo Força Itália, liderada pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi, disse que a comissão decidiu no ano passado reabrir o capítulo sobre a tentativa de assassinato depois do que o papa escreveu em seu último livro antes de morrer.

Nesse livro, João Paulo II disse estar convencido de que os disparos não tinham sido uma iniciativa de Agca e que "outra pessoa planejou (a tentativa de assassinato) e outra pessoa a ordenou". Guzzanti afirmou que a comissão parlamentar tinha ouvido o testemunho de pessoas da Itália e de outros países que investigaram tanto a tentativa de assassinato quanto outros crimes de fundo político ocorridos na Europa durante a Guerra Fria.

Segundo o senador, a comissão tinha fotos mostrando que Sergei Antonov, um dos búlgaros inocentados no julgamento de 1986, estava na Praça São Pedro com Agca quando o Papa foi atingido pelos tiros. "Demos as fotos a dois especialistas independentes que as analisaram com computadores. E os dois concluíram que o homem era Antonov. Antonov disse que estava em seu escritório no momento dos disparos", afirmou Guzzanti.

As fotos já eram conhecidas. Elas surgiram pela primeira vez nos anos 1980, mas os advogados de Antonov disseram à época que o homem que aparece nelas era um turista parecido com o búlgaro.





Fonte: Reuters

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