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Internacional
Quarta - 01 de Março de 2006 às 11:25
Por: Manny Mogato e Carmel Crimmins

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A presidente das Filipinas, Gloria Macapagal Arroyo, manteve em vigor, na quarta-feira, o estado de emergência enquanto autoridades das forças de segurança avisavam que muitos golpistas ainda continuavam soltos.

Respondendo aparentemente a críticas vindas de seu próprio gabinete de governo e do Departamento de Estado dos EUA, que pediu o cancelamento das medidas de emergência, Arroyo prometeu rever a situação dentro de três dias.

"Vou suspender o estado de emergência quando estiver convencida de que as autoridades da área de segurança poderão garantir que podemos controlar a situação", disse a dirigente em um pronunciamento na TV.

Mas o ministro da Justiça do país, Raul Gonzalez — uma das três autoridades da área de segurança encarregadas de passar informações sobre a situação até o final da semana —, disse não poder recomendar a suspensão das medidas por enquanto.

No estado de emergência, o governo pode prender suspeitos sem a necessidade de acusá-los formalmente de crime nenhum.

"Quero esperar para ver a ameaça totalmente neutralizada. Há muitas pontas soltas. A fim de sermos prudentes a respeito dos interesses nacionais, é preciso avaliar a situação corretamente", afirmou Gonzalez.

Autoridades da área de inteligência das Forças Armadas, que não quiseram ter sua identidade revelada, advertiram na terça-feira sobre o risco de uma nova tentativa de golpe em meio a rumores de que os fuzileiros do país continuavam intranquilos devido à demissão de seu comandante, acusado de envolvimento no caso.

Nesta semana, o Exército enviou 500 integrantes de forças especiais para a principal base militar de Manila a fim de evitar o que comandantes das Forças Armadas chamam de uma movimentação não autorizada de tropas.

O regime de exceção foi imposto na sexta-feira depois de Arroyo ter acusado membros da oposição, grupos comunistas e "aventureiros militares" de tentar derrubar seu governo.

A presidente, que sobreviveu no ano passado a uma tentativa de tirá-la do poder por meio de um impeachment alimentado por acusações de fraude eleitoral e corrupção, enfrenta pressões da equipe econômica e de outros lados para suspender as medidas de emergência.

"Ela provavelmente gostaria de prorrogá-las, mas ainda não tomou essa decisão", disse Tom Green, diretor-executivo da Pacific Strategies & Assessments, com sede em Manila.

''BIG BROTHER''

Os protestos contra o estado de emergência foram discretos.

No Senado, órgão dominado pela oposição, 17 dos 23 senadores apareceram usando uma faixa preta no braço. Na Universidade De La Salle, em Manila, professores e estudantes realizaram uma vigília contra Arroyo.

A União Nacional de Jornalistas das Filipinas responsabilizou o governo pelo fato de o site da entidade ter ficado fora do ar durante a maior parte da quarta-feira.

Arroyo advertiu os meios de comunicação sobre a divulgação de notícias tendenciosas. No final de semana, um jornal oposicionista foi invadido e soldados foram enviados para estações de TV.

Cerca de 50 jornalistas realizaram uma manifestação pacífica em defesa da liberdade de expressão.

Mas as ruas de Manila permaneceram tranquilas desde o drama da sexta-feira, véspera dos 20 anos da deposição do ditador Ferdinand Marcos. Os mercados financeiros já se recuperaram do choque. Na quarta-feira, o principal índice do mercado de ações do país apresentava uma alta de 0,58 por cento.

Promotores apresentaram acusações formais contra três dos 16 esquerdistas e soldados acusados de liderarem a tentativa de golpe.

Mas os três, entre os quais Gregório Honasan, foram acusados devido a tentativas de golpe ocorridas anteriormente. A promotoria ainda não apresentou acusações relacionadas com a manobra da semana passada.

Segundo a polícia, Honasan, conhecido como "Gringo", está desaparecido.

Os outros 14 nomes presentes na lista da polícia incluem cinco parlamentares de esquerda abrigados na câmara baixa do Congresso desde segunda-feira alegando ter imunidade.

"É como estar no ''Big Brother"'', disse um dos parlamentares, referindo-se ao programa de TV em que pessoas ficam vivendo dentro de casas cheias de câmeras.

Os cinco pretendem continuar ali até sua situação jurídica ser esclarecida.

(Reportagem adicional de Dolly Aglay)





Fonte: Reuters

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