A balconista Alexsandra da Silva, de 36 anos, disse que recebeu um telefonema da filha na quarta. “Perguntei qual era o presente que ela queria receber e ela disse: ‘Queria estar de volta aí com você’”, disse ao G1. A mãe afirmou que não conseguiu falar com a filha durante toda a quinta para lhe desejar os parabéns.
A garota pretendia viajar para a Disney e ficar até maio na casa de parentes. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, “dúvidas sobre a condição migratória”, porém, fizeram com que a adolescente fosse retida em 27 de novembro.
De acordo com Alexsandra, a garota passou três datas especiais no abrigo: o Natal, o Ano Novo e o aniversário – esta última sua celebração preferida. “Ela sempre gostou. Se não passava com a família, ia com as amigas para um shopping. As amigas sempre faziam uma surpresa. Mas desta vez, não.”
Alexsandra contou que acordou perto da 0h de quinta e lembrou da festa de 15 anos que fez para a jovem. Depois, não conseguiu mais dormir, pensando em como a garota está. “Acho que ela passou chorando, triste.”
A jovem contou à mãe por telefone que vai a aulas de inglês pela manhã no abrigo. Às vezes fica no pátio, e outras vezes, trancada no quarto. “É coisa pra gente presa mesmo”, afirmou Alexsandra. Ela disse ainda que a filha “passou a ser triste” e que já não quer ficar nos Estados Unidos, mesmo que a Justiça do país permita.
Revolta
Diferentemente de um adulto, que pode ser deportado imediatamente em caso de irregularidade, a garota terá de esperar a decisão de um juiz americano da área da infância e do adolescente. Uma audiência está marcada para o dia 31 de janeiro, o que significa que a jovem ficará mais de dois meses sob responsabilidade do governo americano. Segundo Alexsandra, a expectativa é que, após a audiência, a garota seja deportada.
“A revolta é que minha filha ficou presa esse tempo todo para nada. Ela perdeu os sonhos dela, de conhecer os parques [da Disney]. Ficou esse tempo todo para depois mandarem ela de volta para o Brasil”, disse.
O Ministério das Relações Exteriores reafirmou que o Consulado-Geral do Brasil em Miami tem mantido contato constante com as autoridades americanas e tomado todas as providências cabíveis. E informou também que realiza visitas periódicas à garota.
Ela criticou também a burocracia do governo americano. "O brasileiro adora fazer viagem para o lado de lá. Se eu soubesse que era essa burocracia, jamais deixaria ela viajar”, afirmou.
O Consulado dos Estados Unidos em São Paulo afirmou que não pode passar informações sobre o caso em razão de se tratar de uma menor de idade.
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