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Internacional
Segunda - 27 de Fevereiro de 2006 às 12:44

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A classe política israelense está totalmente dividida sobre a atitude que o primeiro-ministro interino, Ehud Olmert, deve tomar frente à chegada do Hamas à Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Olmert e seus ministros de Assuntos Exteriores, Tsipi Livni, e da Defesa, Shaul Mofaz, contra a vontade dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, resolveram cessar as relações com o presidente da ANP, Mahmoud Abbas.

O argumento é que após a vitória do Hamas nas eleições e sua posse no Governo palestino, "a ANP passará a ser uma entidade terrorista", segundo Livni, uma vez que o grupo também terá o controle do Conselho Legislativo.

O presidente da Comissão Parlamentar israelense para Assuntos do Exterior e de Segurança, Yuval Steinitz, do Partido direitista Likud, recomendou hoje ao Governo que "impeça a posse do próximo Governo do Hamas na Câmara Legislativa, assim como se fez com Yasser Arafat".

Israel não negociará com um Governo de "duas cabeças", com "um tio bom e outro tio mau", disse ontem Olmert ao subsecretário de Estado dos EUA para o Oriente Médio, David Welch, que também conversou com o presidente Abbas, líder do Fatah - partido que faz oposição ao Hamas -, e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Ao contrário de Israel, o Quarteto de Madri (composto pelos EUA, União Européia, ONU e Rússia para promover o restabelecimento do processo de paz entre israelenses e palestinos), indicou que vai "esperar e ver o que o Hamas fará quando chegar ao poder".

O deputado trabalhista israelense Ofir Pines descreveu a atitude do Governo frente à ANP como "grave e irresponsável", e a atribuiu a "interesses eleitorais" do partido governista Kadima, que teme perder votos nas eleições de março se adotar uma política flexível frente a Abbas, "a face amável, com o Hamas por trás, para a opinião internacional", segundo o Governo israelense.

O líder do Partido Trabalhista, Amir Peretz, vai se reunir em breve com Abbas na Muqata de Ramala, disse Pines.

Tsipi Livni, que na próxima semana viajará a Bruxelas para reunir-se com ministros da UE, declarou à rádio pública israelense que será o Governo do Hamas, e não Abbas, que decidirá se aceita ou não as exigências de Israel para reconhecer seu governo, como aceitar a legitimidade do Estado judeu e o desarmamento de sua milícia.

"Neste contexto, o presidente Abbas não é relevante", acrescentou Livni, numa declaração que despertou fortes reações em todos os setores do "campo da paz", como o da frente Meretz-Yahad, cujo líder, Yossi Beilin, declarou que "custa entender como uma mulher inteligente como Livni caiu na infantilidade de julgar Abbas irrelevante".

Segundo Beilin, Israel "deve negociar com o Fatah, presidido por Abbas, um acordo de paz nos próximos seis meses, e exigir que o Governo do Hamas se submeta a um referendo público".

O futuro primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, desmentiu ontem em Gaza as declarações que foram atribuídas a ele pelo jornal "Washington Post" dizendo que o Hamas reconhecerá Israel se o país se retirar dos territórios palestinos ocupados.

Nesse caso, acrescentou, o Hamas poderia negociar uma "trégua prolongada", mas "não é algo realista reconhecer Israel", segundo declarações que fez ao jornal árabe "Al-Hayat" de Londres.

A chefe da diplomacia israelense planeja pedir aos colegas da UE que se mantenham firmes nas exigências ao Hamas, que, a princípio, são as mesmas de Israel e dos demais membros do Quarteto de Madri.

Um dos objetivos da viagem de Livni é evitar que se "dilua" o consenso internacional sobre o Hamas, cuja carta constitucional defende a fundação de uma Palestina islâmica "do Mediterrâneo até o rio Jordão", ou seja, a eliminação de Israel, Estado criado em virtude de uma resolução da ONU em 1947.





Fonte: EFE

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